sexta-feira, 19 de março de 2010

... "Pai para Sempre"...


Faz hoje um ano que parti.
Fez ontem um ano que me viste, daquela forma singular, pela última vez.

Durante um ano, choras-te, sofres-te, revoltaste-te contra o mundo, mudas-te, viste tudo mudar…

Sei que ainda acreditas que um dia surgirei por uma qualquer porta. Que ouviras o barulho do motor do meu carro a chegar.

Sei que ainda hoje acreditas que te vão falar de mim, que te vão dizer que me viram e falaram comigo…

Sabes embora tenha estado fisicamente presente, a verdade é que parti vezes sem conta.

O teu cérebro ainda não acredita que abandonei aquelas quatro paredes a que ternamente chamávamos de “ nossa casa “, e a que nunca mais voltarei!

Sei que por instantes ficas-te com a sensação de que te tinha abandonado…
Mas sabes que sempre estive contigo, embora de uma forma diferente… fielmente, ternamente…, volto sempre a cada momento, a cada instante, que necessitas de mim…

Lamento tudo o que não fiz contigo…
Lamento a falta que sentis-te, e que ainda sentes de mim.
Lamento por ti… por mim…e pelo nosso pequeno, grande, mundo.

Primeiro fui o teu ídolo, posteriormente sentiste-me distante…
Sempre que te abraçava era, novamente, o teu herói, ate que um dia a vida, crua e nua, te desiludiu demasiado.

Mas sei que um dia iras compreender-me…

No meio de toda esta confusão, achaste-me por vezes coerente, em outras tantas vezes incorrecto…
Talvez por me teres conhecido sempre, e teres chegado ao limite da tua compreensão, deixaste-me ir…, divorciei-me fisicamente de ti… já que mentalmente, nunca sairás do meu pensamento…

Imaginas quantas vezes a minha mente tentou compensar a tua falta com sonhos? Sonhos esses que ainda espero ter tempo de ver realizados contigo…

Hoje ao acordar procurei-te, no quarto aonde te encontravas a dormir, e nesse instante senti que na realidade não voltei para ti, já que nunca deixei de viver dentro de ti…

Voltei-te a sentir…, a sentir-te.

E por pouco tempo que fosse, senti de novo, o carinho, toda a particularidade e os pormenores que me faziam sentir na verdadeira essência de um Pai.

E sabes? Se voltasse a trás faria tudo o que fiz até hoje.
Não me arrependo de te ter deixado, quando deixei, e de ter voltado, desta nova forma, como voltei…

Deixei-te quando a minha presença naquele núcleo familiar me fazia mal, quando a pressão não me deixava respirar.

Voltei quando senti a tua falta, e quando as saudades eram demasiadas para poderem serem suportadas.

E se algum dia errei foi porque pensei que estando, fisicamente, mais distante os problemas resolver-se-iam naturalmente.
No entanto estive sempre consciente de que te deveria compensar pelo facto, não estando presente diariamente, de saber que a minha presença te fazia imensa falta.

E hoje o que importa é que estou aqui contigo como sempre estiveste.
Como teu Pai e amigo…Até sempre meu Filho.

3 comentários:

Paula disse...

Sei que estas palavras são sentidas.........
Feliz dia do Pai
Um beijinho

Juca disse...

Sei o que dói a tua dor, sei o que o Amor que se sente por um filho faz rasgar o peito

Juca disse...

Sei o sabor desta dor; sei como o Amor que se sente por um filho rasga o nosso peito quando não nos deixam amar; sei o que faz a distância imposta por uma presença ausente; sei...
De qualquer forma, o Tempo, esse animal também sem rosto, ensina-nos a aprender a viver de uma outra forma em que o Amor não dói.
Espera que ele te ensine e... parabéns por tudo o que sentes e partilhas!