quarta-feira, 24 de março de 2010

... " No teu poema " ...

Noutros tempos a canção era uma arma,
Que passava de boca em boca,
Com melodias simples mas que nos faziam embalar,
Sentir em cada palavra o peso do passado,
e a esperança num futuro que tardava em chegar.

O tal verso em branco, à espera do futuro!




No teu poema

existe um verso em branco e sem medida,

um corpo que respira, um céu aberto,

janela debruçada para a vida.


No teu poema existe a dor calada lá no fundo,

o passo da coragem em casa escura

e, aberta,

uma varanda para o mundo.


Existe a noite,

o riso e a voz refeita à luz do dia,

a festa da Senhora da Agonia

e o cansaço

do corpo que adormece em cama fria.


Existe um rio,

a sina de quem nasce fraco ou forte,

o risco, a raiva e a luta de quem cai

ou que resiste,

que vence ou adormece antes da morte.


No teu poema

existe o grito e o eco da metralha,

a dor que sei de cor mas não recito

e os sonhos inquietos de quem falha.


No teu poema

existe um canto

chão alentejano,

a rua e o pregão de uma varina

e um barco assoprado a todo o pano.


Existe um rio

a sina de quem nasce fraco ou forte,

o risco, a raiva e a luta de quem cai

ou que resiste,

que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema

existe a esperança acesa atrás do muro,

existe tudo o mais que ainda escapa

e um verso em branco à espera de futuro.


Autor: José Luis Tinoco

Interpretado por Carlos do Carmo, no concurso Uma canção para a Europa.





Azeituna - Tuna de Ciências da Universidade do Minho


www.azeituna.pt


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