quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

... "Putas da puta da vida... Putas das outras putas que se acham gente"...


Se por momentos posso apreciar…

A nudez misteriosa e simultaneamente decadente da velha palavra Puta.
A sua fonética e a sua semântica.

As Putas que, não usando aspas, escrevem tratados e best-sellers sob o lençol manchado de um quarto de hotel de segunda categoria.

O estilo económico e soberano das Putas que, como um bom comentador, condensam a condição humana a uma única frase; “São só vinte euros a mamada”.

A frontalidade profissional com que as Putas vendem numa qualquer esquina um broche feito de uma reles porcelana.

O grande receio Freudiano com que este vocábulo se retêm na nossa consciência colectiva , “podes-me chamar paneleiro, cabrão, mas agora Filho da Puta é que não”.


Já não gosto…

Da maneira reles e vulgar como alguns se vendem sob a capa aristocrática de um cidadão respeitador, cumpridor e bom chefe de família.

De ser violentado quando me faltam ao respeito, como se de um artigo de mercearia de supermercado, a preço de ocasião, me trata-se.

Dos broches mal feitos, quando sou obrigado a engolir até ao fim o esperma agridoce de uma qualquer mentira que me contam.
Que me obriguem a despir-me em publico e depois de me colocarem na posição de quatro, me digam: - “Tu sabes o quanto eu gosto de ti!”.

De ter que abrir as pernas, quando já estou a sangrar, só porque alguém lá de cima do seu púlpito de conhecedor feito me diz: - “aguenta que quero mete-lo todo lá dentro!”.


Na realidade odeio ser esta “puta”, entre aspas, que não possui um peito generoso, não anda de salto alto nem usa mini-saia , mas que sofre aquando dos seus falsos gemidos de prazer.

1 comentário:

isabel mendes ferreira disse...

Brilho.
brilhante.



assertivo.



muito.