Se por momentos posso apreciar…
A nudez misteriosa e simultaneamente decadente da velha palavra Puta.
A sua fonética e a sua semântica.
As Putas que, não usando aspas, escrevem tratados e best-sellers sob o lençol manchado de um quarto de hotel de segunda categoria.
O estilo económico e soberano das Putas que, como um bom comentador, condensam a condição humana a uma única frase; “São só vinte euros a mamada”.
A frontalidade profissional com que as Putas vendem numa qualquer esquina um broche feito de uma reles porcelana.
O grande receio Freudiano com que este vocábulo se retêm na nossa consciência colectiva , “podes-me chamar paneleiro, cabrão, mas agora Filho da Puta é que não”.
Já não gosto…
Da maneira reles e vulgar como alguns se vendem sob a capa aristocrática de um cidadão respeitador, cumpridor e bom chefe de família.
De ser violentado quando me faltam ao respeito, como se de um artigo de mercearia de supermercado, a preço de ocasião, me trata-se.
Dos broches mal feitos, quando sou obrigado a engolir até ao fim o esperma agridoce de uma qualquer mentira que me contam.
Que me obriguem a despir-me em publico e depois de me colocarem na posição de quatro, me digam: - “Tu sabes o quanto eu gosto de ti!”.
De ter que abrir as pernas, quando já estou a sangrar, só porque alguém lá de cima do seu púlpito de conhecedor feito me diz: - “aguenta que quero mete-lo todo lá dentro!”.
Na realidade odeio ser esta “puta”, entre aspas, que não possui um peito generoso, não anda de salto alto nem usa mini-saia , mas que sofre aquando dos seus falsos gemidos de prazer.
1 comentário:
Brilho.
brilhante.
assertivo.
muito.
Enviar um comentário