domingo, 19 de outubro de 2008

"... As nossas carências..."

As pessoas hoje em dia estão carentes. Quer estejam solteiras, casadas, divorciadas, ou assim-assim, por mais que tentem disfarçar, a maior parte está carente.

Umas por estarem sós, outras porque a pessoa com quem estão não lhes dá a atenção que necessitam.

A culpa é de quem? É delas também.

Perante uma situação de insatisfação, preferem o silêncio, preferem acomodarem-se, preferem não confrontar a pessoa que amam, falando do que sentem e o que precisam, com receios que tal possa causar mal-estar ou mais uma discussão.

Assim deixam penosamente que os dias passem, e que a tristeza os preencha.

Tenho tido nos últimos tempos o privilégio de ser o deposito das emoções, dos sentimentos, dos receios de várias pessoas amigas. Sinto-me lisonjeado por isso.

Por essas inúmeras conversas, opto por fazer reflectir, nesse ponto essencial, a minha reflexão de hoje.

O passar dos anos, da idade, o não saber envelhecer, a necessidade de consumo, a insatisfação, agudizam, mesmo que inconscientemente, o peso da solidão, da falta de um companheiro, e com isso aumenta proporcionalmente a tolerância às mais diversas situações, provocando uma auto-cegueira, na qual as pessoas apenas vêm, ou convencem-se daquilo que querem ver.

O problema surge quando um dia, quando menos esperam, abrem os olhos e encaram uma realidade bem diferente da que desejariam.

Ora como o tempo passou mais do que devia, o desgosto, a dor, a mágoa, é maior também.

Assim pergunto-me porque nós deixamos arrastar para algo que sabemos que não vai resultar?, porque passamos meses, anos, agarradas a uma relação que sabemos perfeitamente que não é a certa, ou cujo companheiro não procede de forma correcta?.

È certo que ao longo dos tempos as pessoas mudam um pouco, adaptam-se de certa forma umas às outras, mas existe apenas uma ligeira adaptação, diria, pequenos ajustes.

Mas nós, enquanto indivíduos, seja com quem estivermos, mantemos essa nossa essência, os nossos defeitos, as nossas qualidades, os nossos feitios.

Assim sou obrigado a concluir que ver passar os anos, alimentando a esperança que a outra pessoa mude essa essência, não enfrentando as situações, é o erro mais comum das relações nos dias que correm.

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