quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

... " Last Chistmas " ... " Ultimo Natal "...





















.)


Interprete: Cascata



Oooh

Last Christmas I gave you my heart

But the very next day you gave it away

This year to save me from tears

I'll give it to someone special

Last Christmas I gave you my heart

But the very next day you gave it away

This year to save me from tears

I'll give it to someone special - special

Once bitten and twice shy

I keep my distance but you still catch my eye

Tell me baby do you recognize me?

Well it's been a year and it doesn't surprise me

Happy Christmas




I wrapped it up and sent it with a note

Saying I love you I meant it

Now I know what a fool I've been

But if you kissed me now I know you'd fool me again




Last Christmas I gave you my heart

But the very next day you gave it away

This yeart to save me from tears

I'll give it to someone special - special




Last Christmas I gave you my heart

But the very next day you gave it away

This yeart to save me from tears

I'll give it to someone special - special




Oooh baby

A crowded room friends with tired eyes

I'm hiding from you and your soul of ice

My god! I thought you were someone to rely on

Me? I guess I was a shoulder to cry on

A face on a lover with a fire in heart

A man uncoverered but you tore me apart

Oooh

Now I've found a real love you'll never fool me again

Last Christmas I gave you my heart

But the very next day you gave it away

This year to save me from tears

I'll give it to someone special - special

Last Christmas I gave you my heart

But the very next day you gave it away

This year to save me from tears

I'll give it to someone special - special

A face on a lover with a fire in heart

A man uncoverered but you tore me apart

Oooh baby next year

I'll give it to someone special -I'll give it to someone special


.)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

... " Canção de Madrugar " ...


DE LINHO TE VESTI
DE NARDOS TE ENFEITEI
AMOR QUE NUNCA VI
MAS SEI.

SEI DOS TEUS OLHOS ACESOS NA NOITE
SINAIS DE BEM DESPERTAR
SEI DOS TEUS BRAÇOS ABERTOS A TODOS
QUE MORREM DEVAGAR


SEI MEU AMOR INVENTADO QUE UM DIA
TEU CORPO PODE ACENDER
UMA FOGUEIRA DE SOL E DE FÚRIA
QUE NOS VERÁ NASCER

IREI BEBER EM TI
O VINHO QUE PISEI
O FEL DO QUE SOFRI
E DEI
DEI DO MEU CORPO UM CHICOTE DE FORÇA
RASEI MEUS OLHOS COM ÁGUA
DEI DO MEU SANGUE UMA ESPADA DE RAIVA
E UMA LANÇA DE MÁGOA
DEI DO MEU SONHO UMA CORDA DE INSÓNIAS
CRAVEI MEUS BRAÇOS COM SETAS
DESCOBRI ROSAS ALARGUEI CIDADES
E CONSTRUÍ POETAS

E NUNCA TE ENCONTREI
NA ESTRADA DO QUE FIZ
AMOR QUE NÃO LOGREI
MAS QUIS.
SEI MEU AMOR INVENTADO QUE UM DIA
TEU CORPO HÁ-DE ACENDER
UMA FOGUEIRA DE SOL E DE FÚRIA
QUE NOS VERÁ NASCER
ENTÃO:
NEM CHOROS, NEM MEDOS, NEM UIVOS, NEM GRITOS,
NEM PEDRAS, NEM FACAS,
NEM FOMES, NEM SECAS, NEM FERAS,
NEM FERROS, NEM FARPAS, NEM FARSAS,
NEM FORCAS, NEM CARDOS, NEM DARDOS,
NEM GUERRAS .

Letra: José Carlos Ary dos Santos


Música: Nuno Nazareth Fernandes


Susana Felix

... " Cavalo à Solta " ...



Minha laranja amarga e doce
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura

Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa

Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura

Minha laranja amarga e doce
Minha espada, meu poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sussego
À desfilada no meu peito

Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura

Composição: José Carlos Ary dos Santos






Viviane



..." Estrela da Tarde "....



Era a tarde mais longa de todas as tardes
Que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
Tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
Na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhamos tardamos no beijo
Que a boca pedia
E na tarde ficamos unidos ardendo na luz
Que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto
Tardaste o sol amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite,
Para haver outro dia.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.

Foi a noite mais bela de todas as noites
Que me aconteceram
Dos noturnos silêncios que à noite
De aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois
Corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

Foram noites e noites que numa só noite
Nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
Que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles
Que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto
Se amarem, vivendo morreram.

Eu não sei, meu amor, se o que digo

É ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
E acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
Dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida
De mágoa e de espanto.
Meu amor, nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto!

Composição: Ary dos Santos
Música: Fernando Tordo







Mafalda Arnauth

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Camané ... " Sei de um Rio "...



A simplicidade que caracteriza as actuações de Camané,
transparecem aqui no preto e branco com que decidiu vestir
uma das ruas típicas, desta Nossa cidade, de Lisboa.

Harmonizando a sua postura com as palavras do fado canção “Sei de um rio”,
com letra do poeta Pedro Homem de Mello e música de Alain Oulman,
foi o tema eleito para o primeiro single do seu ultimo trabalho “Sempre de Mim”.

...Simplesmente arrepiante









Sei de um rio, sei de um rio
Em que as únicas estrelas nele sempre debruçadas
São as luzes da cidade
Sei de um rio, sei de um rio
Onde a própria mentira tem o sabor da verdade
Sei de um rio…
Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
Sei de um rio, sei de um rio
Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
Sei de um rio, sei de um rio
Sei de um rio, até quando


Pedro Homem de Melo – Alain Oulman
in Sempre de Mim, 2008

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

..." Message in a bottle "...

Musica - Jean Francoise Mourice

... " Monaco 28º Degres a L´ombre " - Jean Francoise Maurice

Jean Francoise Maurice - Monaco 28º Degres a L´ombre (1978)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

... " TU CUERPO " ...


GIAN FRANCO PAGLIARO - " TU CUERPO "

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

..."Nem o teu nome poderia ser por acaso"...



Nunca foi por acaso,
Já que nada é por acaso.

Não é por acaso que hoje aqui estou,
Não foi por acaso que te encontrei,
Não foi por acaso que tudo
E nada, ou muito, aconteceu.

Não é por acaso que dói,
Não é por acaso que te esperei anos sem fim,
Não será por acaso que tu acabaras por encontrar o teu caminho,
Não será por acaso que um dia optaras por te entregar, arrebatadamente, a uma nova vida.

Não será por acaso que tu voltaras a cruzar a tua vida ou não.

Não será por acaso...
Não é por acaso
Nada é por acaso.

Seja como for,
Por acaso ou não,
Eu cá estarei.
Eu continuarei aqui...
Mais velho, por certo,
Mas mais consciente do que desejo,
Do que quero,
Do que busco...

Ser um homem,
Arrebatadamente,
Repleto de emoções
E acima de tudo feliz.

Tenho consciência que sou um ser complicado,
Exigente em termos de afectos,
Um ser de excessos...,
Ou tudo...,
Ou nada.

A idade,
Para alem de alguns cabelos brancos,
E do aumento do volume do abdómen,
Trouxe-me também a liberdade,
Há muito perdida,
Da irreverência,
E da alegria de viver.

Trouxe-me,
A vontade de combater a monotonia,
De voltar a sonhar,
De desejar a magia da sedução,
Da cumplicidade dos afectos,
De exigir beijos repletos de emoções...

Sou o que sou...
Um ser complexo!.
Mas acima de tudo autentico,
E verdadeiro.

Quando te descobri tudo foi vivido num só sopro,
Num pulsar forte e sentido,
Numa espera,
Há muito,
Desesperada.

Mas se foi mais forte que eu próprio,
Não poderia ser mais forte do que o meu próprio impulso.
Cruzamo-nos menos vezes do que eu próprio podia,
Ou tenho o direito, de imaginar e desejar.

As tuas lágrimas ficarão para sempre comigo.
Eternamente comigo...
Guardá-las-ei até sempre...
Sem deixar que o tempo,
Ou o quer que seja as seque,
Alter o seu sabor,
A sua cor,
A sua textura.

Elas foram diferentes....
Tu és,
Definitivamente,
Diferente!

Descobriste-me depressa demais...
E como tal tiveste medo.
Eu sei como é...,
Sou um ser que ocupa muito espaço,
E que transporta consigo um turbilhão de emoções,
De desejos,
De sonhos,
De sensações...

Talvez por isso mesmo,
Sempre te dei o tempo solicitado...,
Respeitei o teu espaço,
E hoje continuo a tentar compreender-te.

Contrariamente...,
Á magoa que deveria ter ficado,
Por não ter conseguido atingir o estado pleno à muito desejado.
Hoje transporto o teu sorriso que permanecera,
Para sempre na minha face,
Como se de uma carícia tua, permanentemente, se tratasse.



Nem o teu nome poderia ser por acaso.


.)

sábado, 7 de novembro de 2009

..." Desta nova vida"...




Ontem...,
Estendi a minha mão na tentativa de alcançar o outro lado da rua.

Ao fim da tarde...,
Optei por atravessar com o sinal vermelho,
Corri...
Fugi!

A musica não parou,
No rádio alguém insistiu em tocar,
de uma forma exaustiva,
Os meus eternos receios,
Os meus medos...

Levei a mão ao rosto,
Talvez na vã esperança de guardar uma ultima...
Lágrima...
Sentida.

Esperança inútil...!

Percorri as artérias chuvosas daquela cidade,
Que à muito já não era minha...

Quando aquela estranha angustia,
Brindava os meus dias,
Dizia-lhe...,
Amanhã escolherei o destino fatal!

Já que por certo,
Existem momentos,
Em que conseguimos viver uma vida plena de sentido(s)...








Hoje...,
Voo até ti na esperança de poder pousar sobre o teu colo,
De sentir as tuas suaves mãos no meu já enrugado rosto,
De sentir o odor da tua doce pele,
De sentir a magia do teus lábios,
Dos teus beijos...


De ouvir as tuas ternas histórias.

Histórias simples,
Mas justas.
Com a exacta duração,
Daquilo que somos.

Deixo cair sobre ti,
A morada de um coração sentido,
Magoado...,
Exausto...,

Mas sem receio.

Deslizo...,
Nessa alquimia de luz,
Respiração,
Sensações plenas de vertigem...,
Enriquecidas...,
Pelo constante desejo de mergulhar,
Nessa água doce e calma...,

Mas repleta de emoções...

Desta nova vida!
.)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

... " Oração " ...


Ontem...
Acordei com uma vontade,
Inexplicável,
De gritar...

Enquanto caminhava para mais um dia...,
No rádio tocava o " Aleluia " de Vivaldi,
Senti,
Claramente,
Que era uma mensagem...

Logo agora...,
Logo eu que não sei rezar...
Que quase não sou crente...,
Logo eu...,

E de repente...,
Dentro daquele carro,
Em que só nos encontrávamos nós...
Gritei...

"Dá-me forças para evitar estes maus pensamentos,
Estes maus sentimentos,
Todas as más atitudes.
Dá-me coragem para ser e melhorar,
Este ser que já sou.

Mas acima de tudo dá-me,
Luz,
Força,
Sabedoria,
Verdade.

Dá-me vida! "

E naquele preciso momento senti,
que já há muito que não estava sozinho,
Que mais alguém fazia parte deste caminho,

E talvez por isso hoje,
Eu sigo em paz...

..." Organizemos a nossa vida " ...





"Organizemos a nossa vida

Como se cada dia fosse o final da batalha,

Como se fosse o limite, o termo da nossa vida"


(Séneca - in Cartas a Lucílio.)
.)

... " E tu ainda esperas por mim? " ...


Hoje restam as horas.
O tempo.
Aquele tempo que passou,
Embora nunca tenha chegado a existir.

Hoje resta o que não te disse,
O que não te trouxe,
O que pensei,
O que te menti...

E tu....,
Aonde estavas?

Hoje já ninguém chora.
Hoje já ninguém houve o que não foi dito.
Embora os olhos permanecem abertos
Os lábios estão eternamente selados...

Hoje resta umas horas.
Um curto espaço de tempo.

Um tempo calado,
Melancólico,
Cansado,
Triste,
Cabisbaixo sob tanto e tão grande peso...

Um tempo que não chegou,
Promessas vãs,
Esperanças infundadas.

Uma vida emoldurada a branco,
Uma janela aberta de par em par,
Um frio intenso lá dentro,
Um peito...

Braços cegos,
Que carregam vidas vazias...


E tu...,
Ainda esperas por mim?...
.)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

... " A Tristeza " ...



Há dias,
Momentos,
Horas,
Em que a tristeza não tem nome...

Não tem palavras,
Não tem voz,
Não tem silêncio,
Não dá descanso...

Há dias,
Há horas,
Há tempos,
Há momentos assim...

Tristes,
Desfigurados...

Em que a noite é povoada de sonhos
Medonhos...
E tristes.

Mas depois,

Quase inexplicavelmente,...

Vem o dia,
Vem a aurora,
Vem o raiar do sol...

Vem um novo amanhecer...

Uma nova vida.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

..." O vento " ...






"As vezes ouço passar o vento;



e só de ouvir o vento passar,



vale a pena ter nascido."





(Fernando Pessoa)

... " Hoje" ...



Hoje,

Estou aqui...

Longe dessa outra forma gramatical de te escrever.





Hoje,

Estou no limiar de um colapso, quase divino, de carinho por ti.

Hoje,

Sou o viajante,

O mercador que transporta, em si, essa carga valiosa aonde, trancados, residem os teus beijos colossais...

Hoje,

Gostava que me concedesses a mágia do teu terno olhar...

.)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

... " Um Pack de Saudade " ...

A designer Mónica Santos foi considerada, em Dezembro de 2006, pela Revista Única uma jovem promessa nacional. É dela a colecção de postais Saudade (pack de 5 postais, presos por uma fita de cetim negro, com lacre vermelho em formato de coração).

Haverá uma forma mais intensa de homenagear o (a) causador(a) de tal sentimento?
Será a saudade isso mesmo?
Em vez de um ponto uma vírgula?
Ou será antes um ponto de exclamação?
Uma pausa breve, para um fôlego?
E será só nossa a saudade?


..." Tenho saudades " ...




Perdi-me dentro de mim


Porque eu era labirinto


E hoje, quando me sinto,


É com saudades de mim.




(Mário de Sá Carneiro)










E eu...


Tenho saudades do teu sorriso estridente,


Tenho saudades do teu beijo,


Tenho saudades do odor mágico da tua pele,


Tenho saudades do sabor alcalino do suor do teu corpo,


Tenho saudades de gritar ao mundo o quanto sou e desejo ser feliz,


Tenho saudades de um coração cheio de tudo,


Tenho saudades...


Um beijo com saudade.


... " O vai e vem " ...


Da janela desta minha marquise observo um mundo de pessoas que num vai e vem desenfreado correm como se a vida inteira acontecesse num só dia.

Para mim ela continua quieta, ... hoje senti-me perdido na imensidão da noite escura...

Tu limitaste-te a atravessar a rua e a entrar neste meu coração, então há muito por habitar...

E eu ainda deslizo sozinho nessa minha história, inventada naquela fracção de segundo.

..." Saudade "...



Redescobri palavras de certeza em noites profundas sentidas a dois.

Beijaste-me sobre a linha do nascer de um novo dia.

Secaste-me as lágrimas choradas então sem cor.

Abraçaste-me por inteiro e talvez por isso hoje sinto uma profunda paz.

Esta noite cubro-me no manto da tua saudade.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

..."Algo está para acontecer"...


Algo está para acontecer, coisa diferente, talvez quem sabe, algo que me arranque a pouca força que ainda tenho nas pernas e me mande ao chão.
Que me derrube com a mesma delicadeza de uma rajada de vento ciclónico.

Se calhar, coisa boa, será? Algo tão forte que me atinja como um raio em noite de tempestade. Coisa má, é possível? Hoje chegou a chuva, mas os meus joelhos emitiram o alerta há mais de uma semana.

Vai acontecer algo em mim...

Dentro da ruína em que a minha vida se encontra sorrio. E isto foi depois de uma conversa ao telefone... que me fez ganhar mais dois fios prateados na já pouco cabeleira castanha que possuo.

Eu acabei a chamada, suspirei, e disse para as paredes... "isto tira-me anos de vida..., acabaram de me nascer mais dois cabelos brancos, senti-o mal poisei o telefone, ... eu não acredito que me acabaram de crescer mais dois cabelos brancos! Porra!!"...

Se ao que sei existem cães que cheiram doenças, segundo li algures na imprensa de sábado, há até moluscos que detectam cancro, e uns peixes de aquário, os Plecostomus, que comem a psoríase da pele de crianças,... eu sinto que envelheço, mais um bocadinho, cada dia que passa e a minha vida mantém-se neste eterno impasse...

Após mais um mergulho, mental, na piscina cá de casa, e com a roupa arrumada por ordem cromática, no roupeiro a que ternamente decidi chamar de closet, e as cordas do estendal divididas, coisa de obsessão profunda, uma para o rapazes, onde só entram as tee-shirts e as calças, uma para a Sofia, onde só entram roupas em miniatura, outra para mim mesmo, a terceira, depois das deles, onde entra pouca coisa porque esta máquina só tinha duas camisas minhas, e a quarta e ultima para as cuecas...

Enquanto lá fora o vento anuncia mais uma noite de chuva intensa, aqui dentro eu.., fico definitivamente convicto, que algo está para acontecer...

Sabes, penso em voz alta enquanto caminho para o quarto, vou-me deitar pois seja o que estiver para acontecer... que venha... que eu cá estarei a espera!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

..." vai aonde te leva o coração " ... parte 2


É com alguma comoção na voz que cada vez que abro este “meu canto escondido”, descubro que alguém que leu o que escrevi não conseguiu ficar indiferente, quer seja pela positiva ou pela negativa, ao escrito que lhe deu origem….

Dos comentários com que ao longo do tempo fui presenteado, muitos devido a sua particularidade ou pelo simples facto de serem muito pessoais, nunca chegaram e/ou chegaram a ver a luz do dia, no entanto outros há que pelas suas sabias palavras merecem sair desse anonimato e virarem também um post neste desprendido blog aonde tenho todo o prazer em vós receber…

Bem hajam pela vossa amizade…

Em seguimento ao meu post de 28 de Setembro "vai aonde te leva o coração" recebi à dias um email da minha amiga Paula com o seguinte texto, que embora tendo sido retirado do mesmo livro, completa o anterior na integra:

" Quando te sentires perdido, confuso, pensa nas árvores, lembra-se da forma como crescem. Lembra-te de que uma árvore com muita ramagem e poucas raízes é derrubada à primeira rajada de vento, e de que a linfa custa a correr numa árvore com muitas raízes e pouca ramagem.
As raízes e os ramos devem crescer de igual modo, deves estar nas coisas e estar sobre as coisas, só assim poderás dar sombra e abrigo, só assim, na estação apropriada, poderás cobrir-te de flores e de frutos"

"Vai onde te leva o coração" de Susanna Tamaro

... "como se matam os sonhos?"...




Por vezes a vida dá-me coisas demais,
Mais do que eu consigo aguentar,
E depois não sei onde enterrar mais sonhos.

Antes de ir em romaria ao cemitério chorar esses meus sonhos perdidos,
De gravata preta sobre uma delicada camisa branca,
E na mão uma simples rosa...

Precisava de descobrir como é que eles se matam...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

... " A tentação "...


A tentação esconde um Ser...,
Poderoso....,
Mas inquieto....,
Distante...,
Mas presente....,
Quente mas controlado....,

Onde na luxúria dos prazeres da vida tudo é permitido...,

A tentação apenas deixa entrar no seu universo aquele(a) com quem se identifica...,
Alguém que "uiva", da mesma forma, ao ouvido...,

Alguém que sonha no mesmo universo...,
Alguém a quem lhe arrepia a alma com um toque,
Ou uma palavra estimulante....,

Serão os lábios da tentação leitos de mel e desejo?
Ou a tentação terá algo mais intenso que um sedutor beijo? ....
...

..."Genuína, nua, inteira, absoluta e pessoal" ...

A vida, pelos mais variados motivos, tem momentos verdadeiramente marcantes.
Um acontecimento, ou alguém que surge e nós marca para sempre, deixa uma marca indelével em nós que pode passar dias, semanas, meses, anos, uma vida após outra e nada se altera.

O que ficou connosco ficou, será sempre tão nosso, é como algo incrustado que já não se despega do nosso sentir, do nosso ser, da nossa alma…

Assim como tu, que sei que existes, e estás aí agora, talvez até estejas a ler estas simples linhas…, que te escrevo…
Tu que me conheces, ou soubeste conhecer-me um dia…, até àquele dia em que decidiste partir…, ou partimos os dois, será que foi assim?...

Não sei se foi bem assim…
Disseste-me, por certo, adeus como se não fosses mais voltar, mas eu acredito que possas ainda regressar…, quem sabe na pele de outra pessoa, de outro ser…, talvez porque sinta que não chegaste verdadeiramente a partir…

Sei que estás aí…, consigo sentir-te a noite, daquela forma como nos sentíamos e, o tempo embora voando parecia não existir para nós, esquecíamos o mundo sem esquecer, esquecíamo-nos que lá fora havia outra vida, afinal a vida naquele momento éramos só e apenas nós…

Riamos, brincávamos, seduzíamo-nos e amávamo-nos sem pressa, mas com a força daquela paixão que pensávamos residir só em nós…
Bocas sedentas de beijos, mãos que se procuravam, corpos unidos numa fusão como que ao ritmo de um diapasão em mais um momento mágico.

Mas nessa nossa fusão, unidos num desejo sem fim, que sempre soubemos alimentar, mas que embora tão sofrido, sempre conseguiu sobreviver à calunia, à injustiça, à amargura ….

Talvez porque se existiu esse amor…, que tanto nos alimenta, como ao mesmo tempo nos consome a alma, de tanto querer amar e ser…

Se tu reencarnaste assim, se voltaste genuína, nua, inteira, absoluta e pessoal…
Procura-me que eu fico aqui, eterno, à tua espera …
...

..." Se quiseres dizer que tudo isto é mentira"...


Não digas que os teus olhos se reflectem nos meus,
Quando na realidade já nem me consegues ver…

Não digas que escutas o que digo,
Quando já nem me consegues ouvir…

Não digas que sentes o odor do meu corpo,
Se o meu cheio já te enjoa…

Não digas que o teu paladar deseja o meu sabor mais intimo,
Se já não consegues sentir-lhe o gosto...

Não digas que o meu corpo tem o teu toque,
Se já não o consegues percorrer com as tuas mãos e sentir a vida que corre debaixo da pele…

Não digas que as minhas lágrimas também são as tuas lágrimas,
Se já não consegues chorar ao meu lado...

Não digas que as noites sem mim são frias e vazias,
Se já não queres dormir abraçada a mim...

Não digas que sou o teu amigo, o teu anjo,
Se já não consegues comigo sonhar e voar...

Não digas que sou o teu caminho,
Se já não consegues caminhar ao meu lado...

Não digas que sentes tudo,
Quando já não consegues sentir nada…

Não digas nada...,
Se nada já tens para dizer…

Mas se quiseres dizer que tudo isto é mentira….
Diz..., caso ainda consigas sentir a verdade…
...

sábado, 10 de outubro de 2009

..." Desnúdate Mujer " ...




Desnúdate mi amor
Olvídate de él
Arde la tentación
Ven muérdeme la piel
Desnúdate mujer
Y desnúdame también
Que nuestros cuerpos hoy
Vean amanecer
Deja que tu instinto rompa en erupción
Yo sé que tu lo deseas
Como lo deseo yo

Desnúdate mujer
Hoy vas a ser infiel
Cuando mis manos te deshojen
Conocerás la libertad
Desnúdate mujer
Y entrégame tu sed
Bebe mis ganas infinitas
Robaré tu santidad
Amor, amor

La lluvia cae sensual
Por tu cuerpo y el mioResbala en sudor
De nuestra pasión
Desnuda eres cristal
Perfecta la intimidadTus pechos el manantial
Donde me quiero ahogar
Deja que tu instinto rompa en erupción
Yo sé que tu lo deseas
Como lo deseo yo

Desnúdate mujer
Hoy vas a ser infiel
Cuando mis manos te deshojen
Conocerás la libertad
Desnúdate mujer
Y entrégame tu sed
Bebe mis ganas infinitas
Robaré tu santidad

Porque todo ha sucedido
Sin sentido y sin razón
Sabes amor así es la pasión
Tu y yo haciendo el amor

Desnúdate mujer
Y entrégame tu sed
Bebe mis ganas infinitas
Y saciaré tu santidad, amor, ay amor...
Davidbisbal

" ... Quero perder-me em teu corpo... "



Quero me perder em teu corpo
Como água clara em um bosque de sol
Olhar teus olhos incertos
Onde semeiam mil sonhos de amor

Quero beber em teus lábios
Essa carícia de lua e de mel
E descubrir o encanto
Da paixão que se esconde de tua pele

Quero pintar com teus beijos
Um céu de estrelas repleto de luz
Buscar abrigo em teu corpo
Na noite eterna de tua juventude
Quero saciar minha loucura
Na clara praia da tua desnudez
Para encher de ternura
A inocência pura de te fazer mulher

Quero escapar pelo teu ventre para novamente encher-me de paz
Que é tão imenso te ter
Dentro do meu peito como uma verdade

Quero te entregar meus anos
Meus desejos de te amar minha força e minha fé
Para chegar à tua mão
A um lugar sagrado que sempre sonhei
Quero pintar com teus beijos um céu de estrelas repleto de luz
Buscar abrigo em teu corpo
Na noite eterna da tua juventude
Quero saciar minha loucura
Na clara praia de tua desnudez
Para encher de ternura
A inocência pura de te fazer mulher

Quero pintar com teus beijos
Um céu de estrelas repleto de luz
Buscar abrigo em teu corpo
Na noite eterna da tua juventude
Quero saciar a minha loucura
Na clara praia de tua desnudez para encher de ternura
A inocência pura de te fazer mulher

Davidbisbal

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

... " Desejo " ...








Ás vezes anseio que me desejasses muito
e não que simplesmente me desejes...

..." Vai aonde te leva o coração " ...


Quando à tua frente se abrirem muitas estradas
e não souberes a que hás-de escolher,
não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste
no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia,
espera e volta a esperar.
Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.
Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.

"Vai onde te leva o coração" de Susanna Tamaro

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

" ...O meu anjo ..."


O acidente deixara marcado para sempre no meu corpo aquele maldito dia, que eu tanto ansiava esquecer.
Sempre que tirava a roupa contemplava-as aquelas feridas de uma forma única e para a qual não havia explicação, mas ao mesmo tempo sentia-me feliz porque elas gritavam naquele silencio que eu ainda estava vivo....
A elas podia contar-lhe os meus segredos, mesmo quando estas diante mão sabiam tudo o que eu levava dentro de mim, afinal de contas elas estão e estarão sempre presas a mim.

Fui obrigado a mudar-me…

Era incapaz de continuar a viver debaixo do mesmo tecto onde estavam plasmados momentos tão intensos...
Não podia dormir na mesma cama onde havíamos partilhado o suor dos nossos corpos, bem como o das nossas almas…

Era incapaz de andar pela casa e cruzar-me com as nossas fotografias ou sentir o aroma do seu perfume a inundar-me de tristeza, desolação e principalmente …. Eu não queria sentir-me invadido por aquela solidão, mas ao mesmo tempo temia partir e deixar para trás aqueles pequenos seres que, embora alheios a tudo isto, deveriam ser a razão de tudo…

Não me queria recordar nem dos bons nem dos maus momentos… não obstante eu saber que isso era impossível, Eu apenas queria que aquela parte da minha vida se apaga-se de uma vez por todas... essa era uma dura batalha para a qual Eu ainda não estava preparado para vencer…

Agora vivia num rés-do-chão junto a praia, bem longe do céu e da realidade, mas era isso que eu queria. Evitava sair para trabalhar porque não sentia coragem para enfrentar toda aquela gente, não obstante saber o quanto me queriam bem, não conseguia articular uma palavra, um gesto… não tinha coragem de olhar para a vida à minha volta… quando me interrogavam pelos meus filhos, não estava preparado para apanhar um simples autocarro, um simples… nada…

Eu estava morto e a luz de um novo dia, naquele momento, representava para mim o mesmo que um crucifixo era para um vampiro. A minha cabeça não estava bem, andava às voltas sem que eu pudesse fazer nada. Não me consegui concentrar, apenas me sentava junto da praia a contemplar o vai e vem das ondas do mar, como se isso me ajudasse a esquecer o que quer que fosse.

Desde aquele dia que não conseguia dormir em silêncio, o rádio ficava ligado a noite inteira, para que o silêncio não me magoa-se os ouvidos, pois para dor já bastava a escuridão na qual eu vivi mergulhado…

Lembro-me que em tempos me contaram uma história sobre alguém que tinha recebido, enquanto dormia, a visita de um fantasma, de uma pessoa que um dia conhecera. Eu não queria ser visitado por ninguém!.

Aquele dia tinha amanhecido com um sol, único, resplandecente, a muito que não via um sol assim, mas quem sabe eu também nunca tinha olhado para ele de uma forma tão profunda e sincera como nessa manha.

Lembro-me que era cedo, o telefone tocou, no visor o número aprecia como confidencial. Pensei em não atender, mas no último momento arrependi-me e levantei o auscultador… Era a minha pequena Princesa…

Sofia falava comigo, mas apenas me recordo das suas ultimas palavras dizendo-me que a fosse buscar, porque estava cheia de saudades minhas. Adorei ouvir a sua voz ao telefone, estava cada vez mais crescida. Falou-me de muitas coisas ao mesmo tempo, mas eu apenas era capaz de ouvir a sua voz.

Aquele era um dos raros momentos em que a minha miserável existência passava a ter todo o sentido do mundo, era um dos únicos momentos em que eu sentia que havia uma pequena réstia de esperança em ser feliz…

Desliguei o telefone, tomei um duche e abri o velho armário para escolher uma roupa que não combinasse com o meu estado de espírito.

Nesse momento dei de caras com elas… ali reflectidas no espelho estavam as minhas feridas, aquelas que marcam e marcarão para sempre o meu corpo. Tentei tocar nelas, mas não tive coragem.

Aquele era um momento de felicidade, a minha princesa esperava-me e eu não podia falhar. Eu não podia faltar!

Sofia sempre me abraçava quando nos encontrávamos. Mal me via lançava-se numa correria louca para, com toda a sua força e sinceridade, encaixar-se no meu peito. Envolvendo-me com os seus pequenos braços frágeis, numa redoma cheia de amor e saudade. Ela sempre cumprira com este ritual, mas desta vez eu sentia que a sua atitude tinha um significado mais expressivo, sentia que ela me oferecia parte da sua vida, da sua alegria, da sua inocência sem me pedir nada em troca.

- Não te preocupes pai, tudo vai ficar bem… - foi a primeira coisa que ouvi da sua boca. Fiquei hipnotizado com a doçura que empregava em cada palavra, de tal maneira que não soube como reagir. Olhei bem no centro daquele olhos castanho brilhantes e perguntei-lhe qual o significado daquelas palavras.

- Foi um anjo que me contou no meu sonho! – Disse-me ela de forma inocente e bela.
Eu estava de cócoras para poder manter-me à sua altura. Quando acabou aquela frase, fixou os seus olhos nos meus e não mais os desviou. De repente tudo a minha volta deixou de existir, tal como era. O ruído transformou-se no silêncio de um bosque repleto de luz e cor… e atrás dela um vulto com um brilho incessante não parava de caminhar na minha direcção. Nunca contemplara um espectáculo de tal envergadura e beleza ao mesmo tempo que sentia o aroma de um jardim em flor. Foi então que fui interrompido por uma voz…

- Pai sentes te bem? – Perguntava Sofia preocupada por me ver com aquele olhar perdido num horizonte que parecia estar muito longe dali.

Ao acordar daquele transe momentâneo, senti-me confuso… mas Sofia segredava-me ao ouvido, para que mais ninguém se inteira-se do que estava a falar – Pai ele disse que tudo ia ficar bem, que tu ias ser feliz…

Sofia insistia na mensagem, mas estava fora do meu alcance entender o que se passava … começava a sentir-me como se estivesse a ficar louco.

Subitamente fui surpreendido por um novo abraço cálido e terno deste pequeno ser. Senti que ela sabia o que se passava pelos meus pensamentos. Pude sentir a sua compreensão quanto ao que se passava comigo.

Havia um jardim mesmo ali ao lado. Sofia foi de imediato fazer novos amigos. Sempre fora uma criança muito comunicativa e sociável, com um dom inventivo que as outras crianças adoram.

Nesse momento dentro da minha cabeça ressoava uma voz que me dizia – Sinto muito o que aconteceu, sabes ainda não tinha tido oportunidade para falar contigo… nem coragem para o fazer … não queria ferir-te, nem ferir … era muito cedo… mas se houver alguma coisa que eu possa fazer… nunca te tinha visto assim… dá tempo ao tempo… um dia vais reencontrar-te, e a vida terá outra cor, outro significado…nesse dia vais-te apaixonar, vais viver, vais ser feliz…sabes essa nova vida esta ao virar de um simples esquina à tua espera… caminha… mas queria só dizer-te que eu estou aqui, para o que precisares…– E dito isto senti que via uma energia, um vulto, virando-me as costas, sem que eu pudesse dizer nada, caminhava altivo, com um passo curto mas constante, e isso deixou-me intrigado, olhei para esse vulto como se fosse só um até logo, ou um ate amanha.
Era uma sensação estranha, este ser deu a volta e fixou o seu olhar no meu, como se sentisse a mesma coisa. Os nossos olhares perderam-se no tempo, apenas interrompidos pelos contínuos safanões que Sofia me dava no meu casaco, na sua maneira subtil de me chamar a terra para brincar com ela.

Depois de lhe dar toda a atenção que ela necessitava, voltei-me, mas aquele ser já lá não estava, havia seguido o seu caminho, tal como eu tinha que seguir com o meu…

" E porque.. Tu és.. "



E porque...

Tu não queres ser como a abelha saqueadora que vai sugando o mel de rosa em rosa.

Mas és antes a bela joaninha que se enclausura no seio de uma única flor.

E vivendo junto desta aguarda, paciente, o fechar das suas pétalas sobre si.

E quando abafada neste aperto unico e supremo,

Morre entre os braços daquela única flor que elegeu.

E por tudo isso...

Tu és Unica ....

Tu és Especial ...

Tu és Mulher...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

... "Não tenhas medo meu amor" ...


Não tenhas medo do amor.
Pousa a tua mão devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão acrescer:
o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo.

A vida nunca foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.

Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros:
explode no teu coração um amor-perfeito,
será doce o seu pólen na corola de um beijo,
não tenhas medo, hão-de pedir-to quando chegar a primavera.

Maria do Rosario Pedreira

domingo, 2 de agosto de 2009

... " Esta manha encontrei o teu nome " ...


Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele.

E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha camisola;
e eu despi-a para ti, a dar-te um coração~que era o resto da vida

- como um peixe que respira na rede mais exausta.

Nem mesmo à despedida foram os gestos contundentes:
tudo o que vem de ti é um poema.

Contudo, ao acordar, a solidão sulcara um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo um trilho abandonado na paisagem.

Sentei-me na cama e repeti devagar o teu nome,
o nome dos meus sonhos, mas as sílabas caíam no fim das palavras,
a dor esgota as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.


Maria do Rosário Pedreira

... " Uma certa vida " - parte I


Sentia-se satisfeito com esta sua nova condição de "macho", mas no entanto essa sua aparente satisfação não era vinculativa do seus sentimentos enquanto homem, nem demonstravam qualquer felicidade.

No fundo não sabia quais eram os seus verdadeiros sentimentos pela sua actual vida. Havia dias em que sentia dificuldades em olhar para essa "vida" enquanto amante, talvez porque tinha tido a audácia de lhe contar coisas que só uma grande amiga podia saber... Conheciam-se a demasiado tempo, mas ao mesmo tempo parecia que tinha sido ontem....

Nele residia uma intensa necessidade de viver, de sentir aquele mistério que envolve o primeiro olhar, o primeiro beijo, a primeira caricia, o primeiro passo... antes da entrega total.

Há muito que procurava uma mulher, uma amiga, que se entregasse de uma forma louca e total.

Alguém a quem fosse possível pedir algo diferente, pessoal e único, alguém que tivesse a capacidade de satisfazer esses desejos mais loucos e perversos. Ás vezes basta um olhar para sabermos que o passo seguinte pode ser o WC feminino de um qualquer estabelecimento, ou aquele beco sem saída, escuro ao cair da noite... era no fundo tudo uma questão de olhares.

Á medida que as noites passavam as fantasias que cada um preparou foram sendo postas de parte. A noite cada um dava asas a imaginação de molde a combater qualquer sensação de monotonia, saturação, ausência de vontade.

Lembro-me de que dormiram juntos, pela primeira vez, ainda gatinhavam arrastando as fraldas pelo soalho frio. Nessa altura todos os barulhos eram motivo de brincadeira, e sempre que possível tocávamos os seus corpos de forma tão inocente... e aquilo que em tempo foi a descoberta de " um mundo novo " hoje é apenas mais um ritual. Quando tinham "conversas serias" diziam sempre que nunca se casariam e que dizer a alguém "eu te amo" estaria fora de qualquer questão. Beijar na boca então, nem pensar, só de imaginar que o contacto dos lábios poderiam levar a transmissão de tantos milhares de bactérias, seria definitivamente demasiado arriscado para os seus pequenos organismos indefesos.

Ao principio saiam para passear, jantar fora e ao fim da noite cada um regressava para a sua casa, até... que o sol voltasse a despontar no horizonte na manha seguinte.

Agora tudo era diferente...

..." Quem sou eu? " ...


Sou um adolescente com a força de homem.
Um homem com a franqueza de uma criança.
A minha inocência esconde uma paixão intensa pelo constante evoluir, pelo escutar, pelo apreender.
A minha aparência, aparentemente frágil, esconde uma rocha que não desiste de se conhecer e redescobrir, por mais difíceis que sejam os desafios da vida com que me deparo.
A minha força esconde medos, e alguns fascinios, receios do que está para vir.
A minha aparência, embora aparentemente segura, encobre um cérebro repleto de dúvidas e incertezas, por mais simples que pareçam os problemas.
Mas a minha mente confusa é capaz de estruturar pensamentos lógicos e profundamente consistentes.
Sou assim um ser simples, que chora e ri, e que gosta de viver, amar e ser amado...
Eu sou..., talvez um eterno caminhante...

sábado, 1 de agosto de 2009

... " Querer " ...



Ele apenas queria amá-la um pouco mais do que ela lhe pedia. Queria ser um bom pai, um bom namorado, um bom amante, apenas queria...

Ele "só" queria tantas, e tantas coisas, que acabou por se transformar num estorvo.

Como pode um ser deixar-se afundar, sem tentar esbracejar para vir a superfície? Como pode um ser humano deixar-se arrastar pela corrente da vida, sem sequer tentar agarrar-se à vida?.

Como se pode caminhar em direcção ao precipício de olhos vendados, como se estivesse de costa para a vida?. Na realidade tudo é possível, mesmo que tudo nos indique o sentido oposto.

De que lhe serviram tantas horas fora de casa?, de que lhe serviu andar no meio de montes de papeis rabiscados com pedidos de clientes, facturas, notas de credito?.

Apesar de tantos esforços, após anos e anos a fazer a mesma coisa, no ritmo frenético que os outros lhe impuseram, fizeram com que se transformasse num ser freneticamente criado para si próprio. Por ele passaram os dias sem que desse conta que isso o estava a destruir, fosse qual fosse a direcção que tomasse. Ele sentia que aquilo estava a acabar consigo, de uma forma quase paulatina. Mas se o dinheiro não era tudo ..., como poderiam passar mais tempo juntos se não sabiam o que ambos queriam... eram dois desconhecidos a viver sob o mesmo tecto.

Quando um dizia uma coisa, o outro refutava sem qualquer explicação. Quando um dizia para a esquerda, o outro dizia automaticamente para a direita, e assim sucessivamente até se fartarem de discutir e um saísse porta fora.

Foram aprendendo a viver na solidão que criaram, cada um no seu lado do sofá, com a vida sempre no meio. Lembro-me que ela, a vida, era muito ciumenta e nunca os deixou andar de braço dado, não suportava que tivessem atitudes de carinho um com o outro...

No fundo sempre houve uma desculpa para que o vazio entre ambos fosse cada vez maior...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

" Numa rua da Penha de França "


A conversa começou assim e quando dei por mim, depois de muitas outras conversas das quais nem sequer me lembro da temática, saímos do restaurante e caminhamos lado a lado em silencio durante alguns minutos pelo empedrado de uma rua íngreme desta nossa cidade.
A certa altura, e sem que nada o evidencia-se, Maria agarrou-me pelos colarinhos e empurrou-me para dentro da porta de um prédio que se encontrava aberta, atirando-me contra as caixas de correio, beijou-me freneticamente, enquanto os seus lábios percorriam, de cima a baixo, todo o meu corpo.

Comecei quase de imediato a sentir um calor fora do normal, alem de que havia certas zonas do corpo às quais o sangue chegava de uma maneira completamente descontrolada.
Nesse momento senti que a situação me estava a fugir das mãos, mas ao mesmo tempo sentia-me vivo, como há muito tempo não me sentia. Ela continuava..., estava completamente louca...

Beijava a minha boca com um entusiasmo louco e pouco a pouco após deixar cair a minha gabardina para o chão, levantou-me a camisola até ao pescoço e tirou-me a camisa de dentro das calças.

Eu estava em absoluto êxtase, a respiração de ambos era ofegante... houve um pequeno momento de silencio, até que eu não aguentei e, ainda meio desengonçado, deixei-me deslizar pela húmida parede até que as minhas nádegas sentiram o chão frio.

Nesse exacto momento aproximou-se novamente de mim e voltou a beijar-me na boca, mas desta vez os seus lábios já tinham o sabor das caricias de um anjo...


O Amor, a loucura e a paixão vista pelos olhos de um homem só.

..." Sete meses " ...


Hoje levantei-me com a estranha capacidade de me lembrar de tudo, isto apesar de não saber exactamente em que dia da semana me encontro.
No fundo o que eu acho curioso é esta capacidade de sentir tudo de uma maneira tão profunda, tão genuína, tão minha, e ao mesmo tempo não sentir absolutamente nada.

Lembro-me de coisas para as quais nunca tinha dado importância e começo a sentir um nervoso miudinho à flor da pele que, pouco a pouco, me inquieta, me irrita, pois não consigo compreender a razão pela qual me sinto assim.

Sinto-me tão estranho que quase não me conheço. Rio à gargalhada em frente ao espelho, sozinho, enquanto faço a barba, mas no fundo nada existe que tenha graça. Sete meses que parecem sete anos... Sete meses são uma parte da vida, uma parte da alma que sei que não quero perder.

..." Junho de 2008 " ...


Olho pela janela, lá fora parece que faz um frio de rachar. Mesmo com a janela fechada sinto a humidade a entrar lentamente, neste quarto escuro, até aos ossos.

Desta vez estou sozinho sem velas, sem bolo ... sem ninguém. Hoje perdi a ilusão pelas festas de aniversário, mesmo quando estive rodeado por gente que me quer bem, e que me abraçava desejando encontrar-se comigo nos cinquenta anos seguintes (isto se eu lá chegar).

Hoje nem a minha sombra quis estar ao meu lado, nem sequer ficou sentada comigo à hora do jantar.

Não sei se estou embriagado ou apenas um pouco alegre, mas sinto que o álcool ainda não me chegou ao cérebro, o que me faz ter aquela sensação de aparente sobriedade e me faz pensar que consigo actuar com clareza quando assim me for solicitado.

... " Vida Tão Estranha" ...


São de veludo as palavras
Daquele que finge que ama
Ao desengano levo a vida
A sorte a mim já não me chama
Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão mal tratado
Já nem chorar me traz consolo
Resta-me só o triste fado
A gente vive na mentira
Já nem dá conta do que sente
Antes sozinha toda a vida
Que ter um coração que mente

Rodrigo Leão / Ana Carolina

do CD " A Mãe "

segunda-feira, 20 de julho de 2009

... " A minha alma " ...


Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

Clarice Lispector

... " Tenho pensamentos que " ...




Tenho pensamentos que,
se pudesse revelá-los e fazê-los viver,
acrescentariam nova luminosidade às estrelas,
nova beleza ao mundo
e maior amor ao coração dos homens.

Fernando Pessoa.

sábado, 11 de julho de 2009

..."Não hesitava um segundo"...


Entre os teus olhos azuis
E um quadro azul de Picasso
Entre o som da tua voz
E o som de qualquer compasso
Entre o teu anel de prata
E todo o ouro do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo

Quantas ondas há no mar
Quantas estrelas no céu
Tantas quantas nos meus sonhos
Eu fui tua e foste meu
Entre o teu anel de prata
E todo o ouro do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo

Entre o céu da tua boca
E a luz do céu de Lisboa
Entre uma palavra tua
E um poema de Pessoa
Entre a cor do teu sorriso
E todo o brilho do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo

Entre o teu anel de prata
E todo o ouro do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo

Ana Moura

..."Sei de um rio"...


Sei de um rio, sei de um rio
Em que as únicas estrelas nele sempre debruçadas
São as luzes da cidade
Sei de um rio, sei de um rio
Onde a própria mentira tem o sabor da verdade
Sei de um rio…

Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
Sei de um rio, sei de um rio
Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrandoSei de um rio, sei de um rio
Sei de um rio, até quando



Pedro Homem de Melo – Alain Oulman


in Sempre de Mim, 2008

quinta-feira, 9 de julho de 2009

... " Deveria chamar-te "...


"... Deveria chamar-te claridade

Pelo modo espontâneo

franco e aberto

Com que encheste de cor o meu mundo escuro..."


terça-feira, 23 de junho de 2009

" A Carta que nunca te escrevi "



Sabes,

Há mais de um ano que estou a escrever esta carta.

Por norma escrevo-te mentalmente enquanto conduzo, quando livremente carrego no pedal do acelerador do carro e no rádio toca insistentemente uma qualquer musica que me faz levitar, sonhar….

Mas se tantas vezes pensei em escrever-te esta carta, a verdade é que tantas vezes desisti após as primeiras linhas.

Inicialmente pensei em te escrever uma carta, daquela forma bem antiga, que transporta sonhos e sentimentos, dentro de um envelope fechado com um selo bem colado, que chega ao destinatário, na maioria das vezes, dobrada e cheia de marcas de tanto andar na mala de um qualquer carteiro desta nossa cidade.

Pensei em escrever-te uma carta anónima mas que trouxesse nela a essência do meu eu, de molde a que só tu me conhecesses. Isto no pressuposto que tu me conheces. Será que realmente alguma vez me conheces-te?. Na realidade hoje acho que não…

Tantas vezes comecei e tantas vezes acabei por amarrotar as palavras, que mentalmente se acumulavam na minha cabeça, e as deitei fora.

As vezes parece que a caneta já não consegue transpor para o papel os sentimentos da mesma forma que antes o fazia, talvez fruto do dito progresso tecnológico, agora escrevo no computador os sonhos, os desejos, ao mesmo tempo que descarrego a raiva, as frustrações.
Enquanto isso ao canto desta secretária deixo ficar a velha caneta de aparo e o papel que aguarda pacientemente por um dia em que a inspiração chegue e neles novamente pegue, e para eles passe a minha vida e o meu novo sentir.

Mas o porque de te escrever aqui e agora?.

Talvez porque hoje, dia 4 de Maio, faz precisamente um ano em que me vi impelido, por ti, para sair definitivamente da tua vida, e talvez também porque sei que provavelmente nunca irás ler esta minha carta, mas se por acaso a leres nunca a poderás rasgar, destruir ou mesmo esconder numa qualquer gaveta dessa tua escrivaninha.

Assim esta aqui ficará para todo o sempre, para toda a eternidade como testemunho da pessoa que sou, do que hoje quero, da saudade que já não tenho e da tristeza profunda que um dia senti. Aqui onde nem tu nem ninguém a poderá destruir.

Escrevo-te pois aqui, onde alguns anónimos e outros conhecidos, embora muitos sem rosto como eu, passam e podem ler o que só hoje te escrevo, e desta forma conhecerem um pouco mais de mim, se calhar mais do que tu alguma vez quiseste conhecer.

Sabes, existi tanta coisa que te queria dizer, assim frente a frente sem discussões, gritos, insultos, olhando só nesses teus olhos verdes ao mesmo tempo que tentaria decifrar o que vai na tua mente, nessa mente tão magoada eu sei, porque só uma mente assim, insegura e magoada tem uma capacidade infinita, como por vezes tu tens, de magoar repetida e deliberadamente alguém que afinal nunca te quis mal nenhum.

Alguém que um dia pensou que o querias muito, a quem procuras-te sempre que precisas-te, para depois de repente e sem motivo, deixares de querer, de procurar, ou simplesmente só procurares quando te apetecia como que num rasgo de sadismo disses-te-me: - "o que é meu, nunca será de outra, mesmo que seja eu que não queira, mesmo que queira mas tenha medo, mesmo que não procure mais, ficará assim, dependente de mim e do meu querer".

Entender-te?. Não, isso já não é possível, tens uma forma de ser que talvez só tu mesmo entendas. Se é que tu alguma vez te entendes…

Por vezes és meiga, carinhosa, toda envolvente, voluntariosa, mas logo a seguir distante, fria, só, castigadora, castradora, provocadora, fugitiva, desaparecida…

Há mais de dez anos pediste-me, com aquela voz baixa, melosa e pausada, num tom bem carinhoso e melancólico "confia em mim, por favor...confia, dá-me um filho, por favor….", olhando-me com esses olhos verdes meigos e só teus... e eu?, eu confiei!.

Não me arrependi, isso nunca. O que vivi foi bom demais, o que sinto até hoje por esses seres, é forte demais para qualquer arrependimento. Mas na realidade as recordações poderiam ser mais bonitas, mais reconfortantes...as memórias tão mais quentes e alegres, o sentimento que restou tão mais significativo

Por isso hoje te digo, nunca mais digas a alguém: "Confia..." se depois vais destruir toda a confiança e vais magoar tanto e tão profundamente quem um dia pediste que confiasse em ti. Arranja outra forma de conseguir o que realmente queres, mas não peças para que confiem em ti.

Sabes, a confiança é algo tão frágil quanto precioso, é algo tão profundo quanto difícil de dar, é algo que quando acaba, nunca mais volta, e como tal faz com que a vida e os sentimentos mudem para sempre, ficamos mais tristes, mais desiludidos, mais desesperançados, mais sozinhos…

Não jogues com os sentimentos das pessoas dessa forma inconsequentemente, sem olhares para o lado, sem te importares com o resto, de forma tão displicente.

Não acabes com a confiança, com o respeito, com a vontade de quem ainda pode gostar de ti. Não queiras roubar a alma, o coração, a vida para depois, tão simplesmente, os deixares ali… abandonados e desventrados no meio da rua.

Sabes, se continuares assim, um dia vais encontrar-te sozinha, sem amor, sem ternura, sem sentimento, de alma e coração vazio, e depois quando quiseres voltar atrás, vai ser tarde de mais.

Tarde demais para viver, para amar, para gostar, para te entregares, para seres tu, de vida completa e cheia…

Sei que vai ser triste um dia encontrar-te, olhar-te nos olhos e ver tristeza e arrependimento. No fundo sei que um dia isso vai inevitavelmente acontecer... um dia... e aí, vou ter tanta pena de ti... que vou chorar pelo que não foste, pelo que não sonhámos, pelo que não vivemos....porque tu...sempre tu...fugiste de ti mesma, e eu… vou dar a mão aos nossos filhos e seguir em frente… continuar este meu novo caminho.

Fica bem…

Deste teu, antigo, amigo.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

" O Quase "



Tenho consciência que a minha vida é um mar repleto de emoções, e que o meu eu, enquanto ser humano, é um mar revolto de um pouco de tudo, incluindo muita loucura...

Em tempos li este texto que por vezes vou buscar ao fundo da gaveta, e me obrigo a reler para dar continuidade a esta vida imperfeita...

"Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.

A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planeando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

Luiz Fernando Veríssimo

quinta-feira, 14 de maio de 2009

... " Quero de novo aprender a amar " ...




Sabes,

Descobri ao fim destes anos o quanto estava cansado de te amar, e o quanto a tua indiferença me magoou.

Cansou-me os teus olhares tristes e profundos que quase me desnudavam a alma.

Cansei-me desse teu olhar de animal ferido quando afinal quem feriu sempre foste tu, e só tu.

Cansei-me de persistir na luta pela sobrevivência de algo que estava a muito morto. Mas se assim era, por outro lado cansei-me de te ver olhar como quem quer lutar, quem quer tentar novamente….

Cansei-me de te ver passar ao longe quando o que eu queria era ter-te bem perto.

Cansei-me de vós querer tanto, de não conseguir desligar a ficha e partir para uma outra vida.

Cansei-me de mim e da minha constante luta, da minha entrega, do meu infinito querer.

Cansei-me de olhar para ti, de esperar que me chamasses, de te chamar e tu não vires, de te ver telefonar-me de repente e sem qualquer aviso, mudando tudo de novo, pondo-me de pernas para o ar, de coração em sobressalto, de alma cansada, de vida vazia, completamente vazia…

Cansei-me de te amar, e de não vós conseguir esquecer, de não ter forças para continuar sozinho, já que quando pensei que o conseguia bastava olhar bem no fundo desses teus olhos e tudo começava de novo… um suplício de vida sem fim.

Mas sabes do que me cansei mais?. De não te conseguir entender...de não me teres deixares ir de vez, de teres deixado sempre uma ponta presa, um vestígio de um simples querer, um olhar triste de desejo, com um toque profundo de posse quero e mando…


Agora que consegui esquecer-te, quero de novo aprender a amar…