quinta-feira, 15 de novembro de 2007

"Quem morre"


Quem morre?


"Morre lentamente

quem se transforma em escravo do hábito,

repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca

Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamentequem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente

quem evita uma paixão,

quem prefere o negro sobre o branco

e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,

justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,

corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente

quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,

quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,

quem não se permite pelo menos uma vez na vida,

fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente

quem não viaja,

quem não lê,

quem não ouve música,

quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente

quem destrói o seu amor-próprio,

quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,

quem passa os dias queixando-se da sua má sorteou da chuva incessante.

Morre lentamente,

quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,

não pergunta sobre um assunto que desconheceou não responde
quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,

recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior

que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos

um estágio esplêndido de felicidade."


Pablo Neruda

1 comentário:

Eme disse...

Grande Pablo, ele sabia. É o meu preferido.A rotina mata. Morre quem foge às paixões sem dúvida. O lema é permanecer sempre apaixonado, por tudo.

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