quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

... " A memória " ...

Dividi a minha vida em partes.
Construí muros altos,
Paredes grossas.
Selei hermeticamente portas,
Para me dividir,
Para me separar em partes,
E ser somente,
Lembrar somente,
Aquilo que queria ser.

Mas a força que habita
Os quartos que julgava selados,
Minou paredes,
Construiu túneis,
E invadiu todos os outros,
Que selei para os proteger.

E murmura-me ao ouvido,
E ri do meu esforço inútil,
E relembra-me a cada instante,
Que a memória não se fecha,
Não há forma de a apagar,
Não há onde me esconder.


in"Bestiário", pág.78, Editora Polvo

1 comentário:

Teresa disse...

Meu amor, espero que a tua memória não se apague e não te esqueças dos meus beijos