sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

..." Porque tu existes " ...


Durante séculos não soube aonde estava o teu rosto e a tua voz há muito se tinha perdido por outros espaços que não os da minha casa. Senti sempre uma sensação estranha e incómoda quando encontrei na minha mente uma qualquer foto que já tinha sido nossa, ou quando jantei acompanhado apenas pela tua ausência.

Durante largos tempos senti-me rendido a uma vida de bares e discotecas que acabaram quase sempre numa casa de “jovens meninas” porque me deixei de dar ao trabalho de tentar seduzir uma mulher. Tinha-me fartado disso e além do mais julguei que assim me saia mais "barato".

Para que haveria de estar a perder tempo com o ir jantar fora, uma ida ao teatro ou ao cinema, depois uns copos no bar quando na maior parte das vezes acabaria a noite em casa sozinho sem saber se devia fazer “festas” em mim próprio?

Cansei-me. Chega-se ao recinto, escolhe-se a rapariga o "preço" é discutido e pronto.
As vezes penso que tudo na vida devia ser como "ir às meninas”, simples, directo e objectivo.
No entanto sempre que volto para a casa, o teu lado da cama está vazio e a falta da forma do teu corpo e até o teu simples ressonar fazem com que invariavelmente acabe por ir dormir no sofá da sala.

Na manhã seguinte o cheiro a pão quente e a café fresco não existia, pois tu não estavas lá para me fazer companhia ao pequeno-almoço, nem para me dares o beijo da manhã que por tantos anos ansiei.

Durante anos troquei o pão quente por uma bolacha e o café fresco por um copo de água, quanto ao beijo?, prefiro nem falar nisso.

Sabes, efectivamente não estava à espera de te conhecer, não fazias parte dos meus planos, pelo que não pretendia colocar em causa tudo o que tinha, não estava no meu horizonte olhar, para essa minha vida, pelo lado de fora, de me colocar questões e dúvidas sobre o conceito abstracto da felicidade.

Não estava nos meus planos desejar-te e quem sabe apaixonar-me por ti.

Não me ocorreu que após aquele dia em que nos apresentamos ficarias a fazer-me falta em todos os dias que a esse se seguiram, não poderia saber que te tornarias parte do meu dia, não sabia que te entranharias em mim com a tua voz, a cor do teu sorriso, o cheiro do teu corpo, as tuas mãos.

Não sabia que o dia em que roubei uma carícia dessas tuas mãos, seria o inicio de um beijo que me fica nos lábios e se espalha por todo o meu corpo por toda a minha cabeça, por toda e qualquer ideia que tinha a respeito de tudo e de quase nada.

Não sabia que a partir de então todos os momentos contigo seriam demasiado curtos, que o tempo teria o tamanho de um anão de circo irrequieto que teima em correr mais rápido que o tamanho, que as suas pernas lhe permitem.

Sabes não me interessa saber o tempo que me foge entre a vontade que tenho de estar contigo, de te sentir apenas ali, de saber que o teu sorriso é fruto do meu, que as tuas mãos se iram cruzar eternamente com as minhas, nem que tal seja apenas fruto de um simples toque quando me dês a tua mão.

Efectivamente tenho medo do momento em que nos possamos esquecer um do outro…

1 comentário:

Anónimo disse...

É impossível comentar...não há palavras....MS