A vida, pelos mais variados motivos, tem momentos verdadeiramente marcantes.
Um acontecimento, ou alguém que surge e nós marca para sempre, deixa uma marca indelével em nós que pode passar dias, semanas, meses, anos, uma vida após outra e nada se altera.
O que ficou connosco ficou, será sempre tão nosso, é como algo incrustado que já não se despega do nosso sentir, do nosso ser, da nossa alma…
Assim como tu, que sei que existes, e estás aí agora, talvez até estejas a ler estas simples linhas…, que te escrevo…
Tu que me conheces, ou soubeste conhecer-me um dia…, até àquele dia em que decidiste partir…, ou partimos os dois, será que foi assim?...
Não sei se foi bem assim…
Disseste-me, por certo, adeus como se não fosses mais voltar, mas eu acredito que possas ainda regressar…, quem sabe na pele de outra pessoa, de outro ser…, talvez porque sinta que não chegaste verdadeiramente a partir…
Sei que estás aí…, consigo sentir-te a noite, daquela forma como nos sentíamos e, o tempo embora voando parecia não existir para nós, esquecíamos o mundo sem esquecer, esquecíamo-nos que lá fora havia outra vida, afinal a vida naquele momento éramos só e apenas nós…
Riamos, brincávamos, seduzíamo-nos e amávamo-nos sem pressa, mas com a força daquela paixão que pensávamos residir só em nós…
Bocas sedentas de beijos, mãos que se procuravam, corpos unidos numa fusão como que ao ritmo de um diapasão em mais um momento mágico.
Mas nessa nossa fusão, unidos num desejo sem fim, que sempre soubemos alimentar, mas que embora tão sofrido, sempre conseguiu sobreviver à calunia, à injustiça, à amargura ….
Talvez porque se existiu esse amor…, que tanto nos alimenta, como ao mesmo tempo nos consome a alma, de tanto querer amar e ser…
Se tu reencarnaste assim, se voltaste genuína, nua, inteira, absoluta e pessoal…
Procura-me que eu fico aqui, eterno, à tua espera …
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