domingo, 1 de fevereiro de 2009

..." Sou duro e bruto quando estou em queda " ...


Há dias durante um jantar de amigos, alguém que me conhece bem comentava que eu sou “duro e bruto quando estou em queda”.
Para ser sincero, tenho poucos amigos, por isso para além de amigos estavam também presentes algumas pessoas que me conhecem há já algum tempo e que acabaram por concordar com aquele comentário.

A minha amiga ABC, a quem nos últimos anos recorri sempre que me deparei com um desses grandes “vendavais”, dizia, com alguma razão, que em primeiro lugar nunca me acontece apenas uma coisa má, quanto vêm é em catadupa.
Tudo bem, até concordo!.

Depois existe aquela característica que, tal como qualquer pessoa normal não faz, eu sofro de uma forma alucinante embora não seja de todo visível.
A dor atinge-me de tal forma, que quando estou sozinho parece que hei-de chorar até me secarem as lágrimas, até me doerem as entranhas.
Ainda, para ajudar, aproveito e nesses momentos ponho sal em cima da ferida acabada de surgir, e nessa altura sofro tudo o que há para sofrer.
Vou ao fundo, perco a calma, a compostura, o amor-próprio, a noção dos limites, arranco a alma, até me cansar de mim próprio.

E depois….
Depois, e sem pré-aviso, acordo num dia em que tudo parece mais calmo, em que tudo fica subitamente bem e normal.
Nessa altura saio de um estado de quase putrefacção espiritual e de esgotamento físico, levanto a cabeça, respiro fundo, e reparo que a tal ferida esta a cicatrizar.

Diziam eles que eu sofro exactamente o mesmo que o resto das pessoas, mas muito mais intensamente e por um período de tempo muito mais curto.
Claro que ajuda o facto de estar sol, bem como uma série de outras coisas, mas ajuda sobretudo o facto de eu pensar que há duas coisas que me fazem chorar: tudo, e nada.

O tudo porque quando “choro” normalmente é pela dor da perda, da impotência, da injustiça. E quanto a essas dores, depois de muito sentidas, limito-me a conviver com elas.
O nada?.
Se é nada, é porque então não merece lágrimas.

Depois pode haver, de tempos a tempos, uma recaída já que uma cicatriz pode doer quando por exemplo o tempo muda.
Mas uma coisa é certa, esta nunca voltara a doer de uma maneira similar ao que doera anteriormente.

2 comentários:

Anónimo disse...

Por tudo e por nada, és uníco...MS
Tenho saudades

Anónimo disse...

Espero que nunca deixes de ser duro e bruto, é por seres assim que eu gosto tanto de ti.

Um grande beijo
ABC