sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

... " Afinal também tenho um coração " ...


São importantes todos aqueles que,

nem que seja por um breve instante,

nos tocaram no coração.


Ás vezes,
precisamos deles para um simples exercício
egocêntrico de memória:

lembramo-nos de que afinal também temos um coração.

..." Tenho-te sim, e só, debaixo da minha pele " ...


Sabes,

Eu não te tenho no coração, nesse órgão que muda de ritmo quando me a trevo a pensar em ti.

Também não te tenho dentro da cabeça, essa que sempre me obriga a esboçar um sorriso quando te vejo.

Tenho-te sim, e só, debaixo da minha pele.

Não te tenho nestas mãos que tantas vezes te tentam agarrar.

Ou nestes braços que tanto gostam de te abraçar.

Nem sequer te tenho nestes meus olhos que tanto te desejam ver.

Tenho-te sim, e só, debaixo da minha pele.


Não te tenho no sabor adocicado de um qualquer beijo que trocamos.

Nem sequer te tenho nas fotos que religiosamente guardo de ti.

E muito menos nas poucas linhas que um dia ousaste me escrever.

Tenho-te sim, e só, debaixo da minha pele.





Não te tenho nos simples momentos que a minha fraca memória insiste em querer reter.

Nem te tenho na lembrança dos vários sonhos sensuais que já tive contigo.

Tenho-te sim, e só, debaixo da minha pele.





Sabes,

Efectivamente não te tenho à flor dessa pele.

E nem mesmo te tenho no mais íntimo das minhas entranhas.

Tenho-te sim, e só, debaixo da minha pele.





Não te tenho nas músicas que continuo a escutar, e que chamamos de nossas.

Nem nos locais aonde de braço dado já passamos juntos.

Tenho-te sim, e só, debaixo da minha pele.





Quando te cruzares na rua com alguém bronzeado.

Lembra-te que aquela cor, com mais ou menos intensidade, é só e apenas um bronzeado.

É um bronzeado que acabará por perder força, e eventualmente sair.

São apenas leves lembranças de uns dias de sol.





Lembranças de um sol que queimou a pele e que agora se desvanece.

Talvez por isso não dura mais do que aquela estação.

Não vai para além da derme.

Toca, queima, mas não se entranha.





E sabes tu porque?

Porque ele não está aonde eu te tenho.

Debaixo da minha simples e pura pele.






Hoje,

Eu sei que nunca te conseguirei ter noutro sítio,

além de que é debaixo da pele que eu efectivamente te quero ter.









Bebo Y Cigala - " Vete de mí "

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

..." Doce confusão " ...



Faz hoje precisamente um ano, um mês, um dia, um momento, um instante, que parti.
Era um dia simples, mas repleto de magia, esse dia em que parti, esse dia em que deixei ao fundo da rua as palavras e os seixos de um passado, mergulhados na água já amarela da jarra aonde repousava um velho ramo de flores.

Faz hoje precisamente um momento, em que deixei de escrever na carne um amor incompleto e frio que teimava em se manter no meio das mãos.

Há pois um mês que parti.
Faz hoje, um mês, um ano, uma vida que tu és este neste meu peito, um rio Tejo repleto de muitas e sabias palavras, como se um homem sentado no chão do quarto se sentisse no interior da terra ou como se fosses simplesmente o ar puro que tanto desejo respirar.
Há pois um dia, um mês, um ano em que tu és o corredor que atravesso todos os dias em direcção a esse novo mundo.

Agora palavras tão simples como morrer ou reviver, são sentidas da mesma forma como alguém que encosta a cara a quilha de um barco e toca a água que espelha o céu estrelado de uma qualquer noite quente de verão.

Consegues Ver-me?.
Será que já me vês?.
Sabes há um mês que parti, tal como o cantar das águas repletas de espuma, que se dissipam contra a quilha de um barco que navega neste rio, chamado Tejo.

Que flores são essas, que hoje repousam na prateleira dessa tua sala?, enquanto lá fora as estrelas rompem o céu estrelado como quem teima massaja esta minha face endurecida pelo sofrimento de uma outra viajem.

Há um mês que parti, penso enquanto escuto ao longe o tocar de um sino neste silencio frio e tenebroso. Não quero ser mais aquele texto sem poros, sem palavras.

Hoje sou o barco de quilha alto na espuma cega, que no mar revolto mergulha decidido nos filamentos desse amor.
Hoje sou aquela chama que teima em chamar por ti, por aquela mulher ardente, por aquela noite magica junto ao mar.
Hoje sou aquele movimento celeste da espuma que banha o corpo dessa mulher, que se despe até a fundo da sua inocência.
De uma inocência tão branca que só podia ser habitada pelo silêncio e pela harmonia perfeita desse magico ser.

Faz hoje um mês, um ano, uma vida que eu beijei cada onda tua e desde esse simples instante que perdura, dentro de mim, um ser terno que me leva em direcção a esse mar.
Talvez por isso, hoje a minha respiração são aquelas ondas que te banham o corpo, e que teimam em penetrar por essa terra dentro.
Sou o corpo que bate contra mim nesse mar aonde dormem as estrelas, sou o campo repleto de restolho que o fogo devora de uma forma tão particular.

Faz hoje um momento em que os campos pintados de branco gélido, foram lavrados pela candeia de um homem que já partiu.
Por esse homem que hoje deixei para trás, para me desdobra na procura de um ser perfeito, que és tu, que vive na imperfeição deste novo mundo que hoje percorro.

Sou hoje este ser que te procura, a ti mulher.
A ti que estremeces quando à noite te chamo pelo teu nome.
Se hoje sussurro, murmuro, morro e crio.
Hoje também recrio, respiro e contigo apanho flores neste beira rio, enquanto teimo em desentranhar o sonho que perdura dentro das tuas belas e doces mãos.

Hoje eu sou aquele mês que partiu, aquele peito desocupado pelo azul, mas que sempre se ilumina ao sentir o quente que permanece no do interior do teu corpo.

Hoje eu sou tu, e tu talvez um dia consigas ou queiras ser eu…

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

..."Ontem sentia-me oco, cheio de um vazio sem cor e forma" ...


Chegamos a uma fase da nossa vida em que nos sentimos de tal forma perdidos,
que não fazemos a mínima ideia do que será mais correcto fazer.

Se por ventura estamos presos ao passado e procuramos desesperadamente cortar com o mesmo,
por outro lado, tememos um futuro aonde não existe quaisquer certezas.

Avançamos às cegas, andamos ao sabor de uma qualquer coisa sem qualquer nexo...

Se ontem sentia-me oco, cheio de um vazio sem cor e forma.

Hoje esse vazio deu lugar a um momento de cor indefinida mas forte.

Deu lugar a uma forma que me encheu e transbordou num enorme sorriso.
Hoje é o dia de um novo começo para mim.

Hoje fecho as mãos e volto a abrir os olhos.

Nessa vontade imensurável de saber que existe o teu rosto no meu dia de amanhã...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

..." Nesse dia amei-te, embora essa pessoa não fosses tu "...



Como poderei começar esta história? Pelo princípio, pelo começo, já que é no inicio que se constrói o caminho para um qualquer fim.
E se não houvesse um fim, mas apenas um voltar ao eterno começo?
Não sei que tipo de história é esta, nem que final irá ter, sei só que esta faz parte de mim, e como qualquer ilusão, como qualquer sonho, ainda hoje me deslumbra enquanto a escrevo.

Hoje é dia 20, são cinco da manhã, lá fora chove e eu estou aqui, neste lugar aonde sempre estive, lá fora o frio teima em me bater a porta e eu não o deixo entrar, escondo-me na minha velha cama procurando que este finalmente se esqueça de mim.

Enquanto sonho lembro-me, agora, de alguém.
Quem é ela que me parece tão perto, mesmo quando está ausente e tão longe?
Será está uma história vulgar?, uma qualquer historia repleta de tristeza ou de amor?
Nestes instantes em que me escondo do frio é dela que me lembro.
Mas será que ela se lembra de mim?

Na minha mente surgem palavras soltas ao acaso, mas eu não me importo.
Lembro-me do seu sorriso e da sua voz.
Solto as memórias enquanto inalo mais uma vez o seu perfume que teima em permanecer nas minhas mãos.

Lembro-me do dia em que nos encontrámos, foi ao principio da noite, e sem nunca nos termos visto já sabíamos quem éramos e o que um dia iriamos ser.
Lembro-me de caminhar sozinho pela escarpa de uma praia tão vulgar como tantas outras, mas aonde ainda permanecia vincado o eco dos pregões do homem das bolas de berlim, a ultima excursão dos reformados, e as brincadeiras das crianças que sob o olhar atento dos pais que naqueles breves momentos procuram apenas esquecer que elas existem, mergulhados num sabor a pequenas férias tiradas à pressa com a família e para a família.
Lembro-me daquele mês, daquela praia, em que alguns jovens optaram por deixar, durante alguns dias, os seus pais para trás e procuravam junto de alguns familiares, não tão próximos, uns dias diferentes em que fossem apenas eles.

Quanto a mim já há algum tempo que tinha deixado ficar para trás o dia que seria igual ao dia da manhã seguinte, há algum tempo que tinha tirado umas férias de mim mesmo.

Foi nesse dia que te vi pela primeira vez, nos olhos de alguém que não eras tu, e percebi que já faltava pouco para que nos encontrássemos.
Vi nesses olhos que não eram os teus, que tu poderias amar-me, que me deixarias colocar a minha cabeça no teu ombro e chorar um pouco se tal me apetecesse, mesmo podendo eu não ter vontade de o fazer, sabia que o poderia fazer se o quisesse.
Nesse dia senti o inebriante cheiro do corpo, nesse outro corpo que não era o teu, e senti que poderia amar-te pelo simples facto de poder contar-te os meus segredos sem que tu ousasses perguntar o porque de tal ousadia.

Sabes, nesse dia amei-te, embora essa pessoa não fosses tu...

Paro um pouco e bebo mais um golo de chá que está cada vez mais frio e amargo, enquanto o frio que permanece lá fora assusta e cria caras horríveis nas pessoas que passam e se tentam esconder dentro dos seus casacos e cachecóis.
Sabes, hoje descubro que gosto do Inverno.

Aproveito esta pausa e busco por mais alguma memória, nesta minha cabeça um pouco cansada. Sempre gostei de procurar, vasculhar onde ninguém procura, e conseguir esconder as minhas poucas coisas bem lá no fundo de mim. Por vezes de tal forma escondidas que nem eu mesmo consigo encontrá-las, e assim fiz contigo, durante anos escondi-te bem escondida, num lugar seguro e sem nome, de tal forma que me esqueci de ti, esqueci-me de te amar, de que existias, esqueci-me do significado desse sentimento, esqueci-me de como seria bom acordar ao teu lado, de conseguir um afago da tua mão na minha face, esqueci-me do sabor dos teus beijos, da forma simples e ao mesmo tempo profunda e magnetizante quando me chamavas de “meu querido”, esqueci-me de mim, de ti, de nós, esqueci-me de viver…

Mas por quanto tempo?
Como é possível sentir, ou desejar algo, e não fazer uso dos nossos sentidos mais básicos?

Gostaria de o saber explicar, mas na realidade não o sei fazer, sei que apenas se faz assim, e que foi assim que o fiz.

Amei-te e desejei-te em tão grande devoção e silêncio que nem me apercebi que o fazia, que me escondia de mim mesmo, nessa vida dupla, que me obrigava a continuar cada dia como se nada fosse.

Mas quando te conheci, o teu nome não era o mesmo de agora, mas um outro qualquer, Cristina, Maria, Joana, Carla, qualquer um destes ou outros tantos mais, nos quais te via e quando te procurava tocar mais longe surgias e cada vez mais intocável ainda, mesmo que por momentos senti que existias dentro de mim.

Talvez por isso, pouco a pouco, deixei de te procurar, mas com a chegada do Inverno foste tu que me procuraste…

Este chá esta cada vez mais frio e amargo, como esta minha historia, como aquela minha vida.
Efectivamente lembro-me de muitas coisas, mas hoje só quero me recordar de ti, mas enquanto o tempo passa, os ponteiros do relógio que um dia me irás oferecer teimam em não parar, talvez porque tu estejas cada vez mais perto…






Rodrigo Leão - " Voltar "


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

..." Porque tu existes " ...


Durante séculos não soube aonde estava o teu rosto e a tua voz há muito se tinha perdido por outros espaços que não os da minha casa. Senti sempre uma sensação estranha e incómoda quando encontrei na minha mente uma qualquer foto que já tinha sido nossa, ou quando jantei acompanhado apenas pela tua ausência.

Durante largos tempos senti-me rendido a uma vida de bares e discotecas que acabaram quase sempre numa casa de “jovens meninas” porque me deixei de dar ao trabalho de tentar seduzir uma mulher. Tinha-me fartado disso e além do mais julguei que assim me saia mais "barato".

Para que haveria de estar a perder tempo com o ir jantar fora, uma ida ao teatro ou ao cinema, depois uns copos no bar quando na maior parte das vezes acabaria a noite em casa sozinho sem saber se devia fazer “festas” em mim próprio?

Cansei-me. Chega-se ao recinto, escolhe-se a rapariga o "preço" é discutido e pronto.
As vezes penso que tudo na vida devia ser como "ir às meninas”, simples, directo e objectivo.
No entanto sempre que volto para a casa, o teu lado da cama está vazio e a falta da forma do teu corpo e até o teu simples ressonar fazem com que invariavelmente acabe por ir dormir no sofá da sala.

Na manhã seguinte o cheiro a pão quente e a café fresco não existia, pois tu não estavas lá para me fazer companhia ao pequeno-almoço, nem para me dares o beijo da manhã que por tantos anos ansiei.

Durante anos troquei o pão quente por uma bolacha e o café fresco por um copo de água, quanto ao beijo?, prefiro nem falar nisso.

Sabes, efectivamente não estava à espera de te conhecer, não fazias parte dos meus planos, pelo que não pretendia colocar em causa tudo o que tinha, não estava no meu horizonte olhar, para essa minha vida, pelo lado de fora, de me colocar questões e dúvidas sobre o conceito abstracto da felicidade.

Não estava nos meus planos desejar-te e quem sabe apaixonar-me por ti.

Não me ocorreu que após aquele dia em que nos apresentamos ficarias a fazer-me falta em todos os dias que a esse se seguiram, não poderia saber que te tornarias parte do meu dia, não sabia que te entranharias em mim com a tua voz, a cor do teu sorriso, o cheiro do teu corpo, as tuas mãos.

Não sabia que o dia em que roubei uma carícia dessas tuas mãos, seria o inicio de um beijo que me fica nos lábios e se espalha por todo o meu corpo por toda a minha cabeça, por toda e qualquer ideia que tinha a respeito de tudo e de quase nada.

Não sabia que a partir de então todos os momentos contigo seriam demasiado curtos, que o tempo teria o tamanho de um anão de circo irrequieto que teima em correr mais rápido que o tamanho, que as suas pernas lhe permitem.

Sabes não me interessa saber o tempo que me foge entre a vontade que tenho de estar contigo, de te sentir apenas ali, de saber que o teu sorriso é fruto do meu, que as tuas mãos se iram cruzar eternamente com as minhas, nem que tal seja apenas fruto de um simples toque quando me dês a tua mão.

Efectivamente tenho medo do momento em que nos possamos esquecer um do outro…

... " Até qualquer dia ..."



Por vezes algumas das minhas atitudes, bem como alguns tímidos projectos, foram aquelas que mais me condicionaram e me acorrentaram à vida.

É nestes e só nestes dias que me apercebo do tempo que andei a perder com a opção de vida que tomei, e observo que por cada dois passos em frente dei três e mais para trás.

Não vou aqui procurar explicar o porquê destas palavras, embora alguns daqueles que me acompanham e particularmente aqueles que comigo privam entendem o que quero dizer.

Resolvi então, neste novo ano que ainda a pouco se iniciou, fugir deste ser em que me transformei antes que não seja demasiado tarde e me perca por qualquer serraria sem saber como hei-de voltar ao trilho certo.

Preciso de não me olhar ao espelho durante uns dias, de não ouvir as mesmas palavras gastas de sempre que a minha boca teima em não dizer, mas que a minha mente me grita aos ouvidos e executa alegremente com a complacência de um grande marasmo inútil.

Chega, ponto final. Agora é tempo de chegar ao fim de todas essas coisas, para poder dar continuidade no futuro a outras novas.

Não digo adeus a este ser, a este turbilhão de sentimentos, pois não entendo realmente o significado subjacente dessa palavra, digo antes que agora vou apenas fugir de mim para tentar não ser consumido por mim próprio.

Até qualquer dia Mário…

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

..." Sempre para sempre " ...

Musica: Ricardo Sotna e Gil do Carmo
Letra: Miguel A. Majer

Donna Maria

Há amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor da pele
Há amor tão longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante
Há amor de inverno
Amor de verão
Amor que rouba
Como um ladrão
Há amor passageiro
Amor não amado
Amor que aparece
Amor descartado
Há amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue, bem quente
Há amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca, nunca tocado
Há amor secreto
De cheiro intenso
Amor tão próximo
Amor de incenso
Há amor que mata
Amor que mente
Amor que nada, mas nada
Te faz contente, me faz contente
Há amor tao fraco
Amor não assumido
Amor de quarto
Que faz sentido
Há amor eterno
Sem nunca, talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez

... " O Sorriso " ...





Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita
luz lá dentro,apetecia
entrar nele,tirar a roupa,ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr,navegar,morrer naquele sorriso.


Eugénio de Andrade

domingo, 11 de janeiro de 2009

..." Gosto do sabor a beijo que fica "...

Dos Gardenia - Ibrahin Ferrer

Sabes...

Gosto de beijos suaves e demorados,

Ao sabor de suspiros em silêncio,

Enquanto o relógio pára e o tempo não passa...

Gosto do sabor intenso de um beijo que fica,

Mesmo quando já partiste há muito...

sábado, 10 de janeiro de 2009

..." Desejo-te na primeira pessoa, do tempo presente, do verbo amar "...



Acredito que a vida é feita de momentos.
A vida é tão somente o verbo presente.
Só conta o instante que está a acontecer,
Só conta o dia que estamos a viver…

O passado,
Esse já passou,
Já não existe,
É tão somente uma simples lembrança,
Uma lembrança de algo que podemos fingir que nunca existiu.

Já o futuro,
Esse ainda não existe,
O futuro é tão somente tudo o que um dia,
Pouco a pouco iremos viver…

Por tudo isto,
A vida é uma pura ilusão,
Se até o presente se acaba por transforma numa lembrança,
E o futuro ainda não existe,
Então não penses mais e toca-me,
Toca-me como há muito eu espero ser tocado por ti,
Só por ti!

Beija-me,
Beija-me ardentemente,
E faz-me sentir “o teu homem”,
Só uma vez que seja,
Mas que dure tão eternamente,
Que me faça desejar ser teu para sempre!

Fá-lo por mim e por ti,
Se for esse o teu desejo,
Pensa em mim e no quanto te quero,
No quanto me embriagas,
E no quanto quero estar apaixonado por ti…

Deixa-me tocar-te,
Sentir-te,
E fazer-te sentir Mulher,
Só uma vez,
Só uma vez que seja,
Mas que permaneça eterna,
E que fiques em mim para sempre.

Só assim conseguirei acalmar esta paixão,
Este desejo,
Que me consome a cada dia que olho para ti,
A cada dia que vejo esse teu terno olhar,
Que faz transbordar a tanta ternura que sinto por ti…

Entrega-te,
Entrega-te a mim,
De uma forma especial,
De forma nunca antes vista,
De uma forma original!

Deixa-me entregar-me a ti,
Ser o teu presente de natal,
Ser o teu presente mais apetecido,
No dia mais cinzento dos teus dias,
No dia mais chuvoso desta invernia…

Deixa-me aquecer o teu corpo,
Aquecer a tua pele com o calor do meu querer,
Mas…,
Deixa-me ficar assim,
Para o resto da minha vida,
Para o resto dos nossos dias…

Tira-me desta angústia,
Que me cega,
A cada dia que o brilho intenso dos teus olhos,
Me dilacera o coração de tão ardente de querer…

Leva-me ao céu e não me faças voltar,
Mas deixa-me ser teu por mais uma vez,
Que eu prometo que não mais te vou perturbar,
Que não mais te vou procurar,
Mas…,
Deixa-me entrar nessa tua intimidade,
Só mais esta vez…

Sente a minha pele quente sob o teu corpo nu,
E brinda comigo a este bem querer,
Que vai ficar em mim eternamente.
Mesmo que seja apenas hoje,
Mesmo que só seja esta vez,
Deixa-me ficar assim,
Para que seja eterno este dia…

Deixa-me ser teu,
Mesmo que só neste tempo presente,
Que irá deixar de existir.
Enquanto que tu não iras abandonar o espaço presente,
Ao permanecer em mim para sempre…


Desejo-te na primeira pessoa,
do tempo presente,
do verbo amar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

... " Escreve-me " ...


Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d’açucenas!

Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, Amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d’oração!

«Amo-te!» cinco letras pequeninas,
Folhas leves e ternas de boninas,
Um poema d’amor e felicidade!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então… brandas… serenas…
Cinco pétalas roxas de saudade…

Florbela Espanca

... " A nossa história " ...


Sabes...
Cada dia que me deito recordo-me,
que faz precisamente uma hora,
um dia,
uma semana,
uma qualquer coisa,
em que na nossa história se escreveu uma nova página....


Ao longo deste tempo,
muitas páginas foram escritas...
com alegria,
com tristeza,
com amizade,
com amor,
com carinho,
com raiva,
com lágrimas,
com sorrisos,
mas acima de tudo
muitas páginas foram escritas com beijos e caricias,

... muitas páginas foram escritas por nós e só para nós mesmos!!!

SABES...,
DESEJO-TE CADA DIA COMO SE FOSSE O PRIMEIRO!!

... " Hoje o que me importa " ...

Hoje eu sou...
aquele que persegue o teu olhar,
aquele que anseia pelo teu sorriso...


Sou quem te quer mais do que a própria vida...
Sou quem corre pelo mundo, trémulo, inquieto,
só para saber se estás bem...

Sou quem guarda aquela noite no presente, aqui,
em que sob o olhar das estrelas mais curiosas,
nos perdemos entre as linhas que definiram o futuro
dos nossos corpos...

Sou aquele que grita bem alto "és a minha vida",
porque o és,
Porque só tu seguras os pilares que me sustentam.

Hoje o que me importa é saber que te quero,
não saber quem sou!


Rodrigo Leão - " Voltar "

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

..." Leve beijo triste " ...

Teimoso subi
Ao cimo de mim
E no alto rasgei
As voltas que dei

Sombra de mil sóis em glória
Cobrem todo o vale ao fundo
Dorme meu pequeno mundo

Como um barco vazio
P'las margens do rio
Desce o denso véu lilas
Desce em silêncio e paz
Manso e macio

Deixa que te leve
assim tão leve
Leve e que te beije meu anjo triste
Deixo-te o meu canto canção tão breve
Brando como tu amor pediste

Não fales calei
Assim fiquei
Sombra de mil sóis cansados
Crescendo como dedos finos
A embalar nossos destinos

Deixa que te leve assim tão leve
Leve e que te beije meu anjo triste
Deixo-te o meu canto canção tão breve
Brando como tu amor pediste

(Solo)

Deixa que te leve assim tão leve
Leve e que te beije meu anjo triste
Deixo-te o meu canto canção tão breve
Brando como tu amor pediste.

Paulo Gonzo - " Leve beijo triste "


..." Um poeta não fode, ama " ...

Um poeta não fode, ama.
Um poeta faz da página cama
Onde se deita, se contorce
Se abre e se sacia.
Um poeta toca as palavras
Como se acariciasse o corpo
E o poema cresce
E o poeta é verso
Que rola na página cama
Onde o poeta não fode, mas ama
E acaricia o corpo/verso
E o orgasmo que tem
É a poesia!

autora "Encandescente", - Editora Polvo

" A Casa "

Sentir de novo
Aquela dor
A pouco a pouco respirar
Aquele amor que foi
Vivido e esquecido
Em segredo
Como ninguém


Perdoar
Como perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Acordar
Deixar o dia passar devagar
Assim ficar


Sentir de novo
Aquele amor
A pouco a pouco consolar
Aquela dor que foi sentida e sofrida
Em silêncio


Chegar de novo
Sentir o amor
Voltar a casa sem pensar
Deixar a luz entrar
Esquecer aquela mágoa
Sem ter medo
Como ninguém


Encontrar
Poder encontrar
Todas as coisas que eu não soube dar
Saber amar
Perdoar
Saber perdoar
Há tanto tempo que eu queria mudar
Queria voltar
Aceitar
Deixar que o tempo te faça voltar
Saber esperar


Composição:Rodrigo Leão; Letra:Adriana Calcanhoto


... " A memória " ...

Dividi a minha vida em partes.
Construí muros altos,
Paredes grossas.
Selei hermeticamente portas,
Para me dividir,
Para me separar em partes,
E ser somente,
Lembrar somente,
Aquilo que queria ser.

Mas a força que habita
Os quartos que julgava selados,
Minou paredes,
Construiu túneis,
E invadiu todos os outros,
Que selei para os proteger.

E murmura-me ao ouvido,
E ri do meu esforço inútil,
E relembra-me a cada instante,
Que a memória não se fecha,
Não há forma de a apagar,
Não há onde me esconder.


in"Bestiário", pág.78, Editora Polvo