terça-feira, 12 de julho de 2011

... " Um adeus anunciado " ...







Carlos, desde que se encontrava sozinho, após se ter separado da mãe do seu filho, parecia levar uma vida mais descontraída, mais fácil.

Já não era jovem. No entanto ainda trazia consigo as reminiscências do passado do jovem interessante que fora, que fazendo jus a sua postura perante a vida sempre tinha conseguido ser suficientemente popular entre as meninas do sexo oposto.

Se durante algum tempo gostou de sentir que não estava preso a ninguém, agora que ela partiu não sabe o que fazer.

Sabe que pode ter grande parte das mulheres que com ele se cruzam na vida, mas não quer nenhuma, pois só a deseja a ela.

No inicio tudo parecia ser só mais uma relação passageira, igual a tantas outras que já conhecera. Mas no entanto havia nela algo diferente, talvez a sua maneira de ser, a forma com beijava, como andava, a forma como o seduzia antes de fazerem amor, a resposta na ponta da língua, fazia-o rir, sonhar, e o SMS que diariamente recebia - “ bom dia chuchu”.

Era acima de tudo feliz quando estava com ela.

Gradualmente começou a prender-se a ela, embora no inicio não tenha sido essa a sua intenção.

Ela não era um ser fácil, não se deixou cativar de um dia para o outro, não lhe abriu o coração.

Embora tenham feito amor, deixou tacitamente expresso que não pretendia um compromisso, e que embora deseja-se ser feliz nunca tinha dito a nenhum homem que o amava, simplesmente que gostava dele.

Carlos, aceitou-a assim pois no fundo também ele não ambicionava, de imediato, uma relação profunda, já que tinha receio de se comprometer.

Mas depois continuou a vê-la, a fazer amor cada vez mais com ela, e no fundo sentia-se feliz na sua companhia.

Ela voltou a dizer-lhe que nunca tinha amado ninguém, que se sentia incapaz de o fazer, e que só pretendia divertir, e tentar esquecer a relação anterior.
Carlos sorriu, e não levou muito a sério aquele comentário. – “Não te preocupes!”, respondeu, “eu também só me quero divertir”.

Concordaram tacitamente com estes termos. No entanto a relação foi durando, foram-se conhecendo melhor, não se afastaram mais um do outro, pelo contrário parecia querem estar sempre juntos.

Mas um dia, inesperadamente, ela disse-lhe que já não queria mais estar com ele, que após ter reflectido chegou a conclusão que ele era um “homem de época”, enquanto que ela era uma mulher moderna, e a somar a tudo isto estava ainda o facto de ele ser Machista…

- Machista? Exclamou Carlos, - Machista em que, por desejar estar contigo?, de querer partilhar uma vida a dois?

No entanto a realidade era que ela desejava troca-lo por outro, por alguém que iria conhecer, tal como tinha acontecido com ele, numa qualquer rede social da internet e a quem também avisaria que não ficaria muito tempo.

Tal como antigamente, Carlos começou a sair com outras mulheres. Mas à noite ao deitar-se ainda escuta o riso dela, ainda sente o cheiro, do odor do seu corpo, impregnado nos lençóis da sua cama.

Sempre que passa em algum sitio da cidade aonde esteve com ela, e foram tantos, recorda todos esses momentos vividos de forma intensa.

Por vezes sente uma vontade imensa de lhe telefonar, de ouvir a sua voz, em falar com ela, reconquista-la, contudo nunca chega a faze-lo pois sente-se dividido entre a falta que ela lhe faz e a revolta que sente por ela o ter deixado.

Não consegue compreender as razões dela. O porque daquela postura, aquela atitude quando estavam tão bem, como fora capaz de se desligar dele com aquela frieza arrepiante.

Na realidade o que Carlos não compreende é o facto de ela não conseguir amar ninguém, não se prender a nenhum homem por ter sido magoada no passado. Ela tem medo de voltar a sofrer, não é capaz de ser feliz porque no fundo receia ser rejeitada, magoada.

Por esse motivo prefere partir antes que a paixão esmoreça.

A sua cabeça não se cansa de Inventar desculpas, convence-se que não vai dar certo, levanta problemas, discussões, e finalmente afasta-se.

No fundo ela tem consciência de que é cobarde por não querer correr riscos, mas não consegue evita-lo.

Não voltaram a falar, a ver-se. No seu intimo Carlos aguarda que ela o surpreenda com um convite para jantar, com um telefonema que faça derreter o gelo que se instalou no seu coração.

Ela tem consciência que ele era o homem certo, era o homem da sua vida, contudo nada faz para ultrapassar o problema, para encontrar um ponto de equilíbrio entre os dois…

À noite quando se deita na cama de olhos abertos na escuridão, pergunta-se se alguma vez voltará a ser feliz e mente a si própria pensando que sim, claro, um dia…


http://www.youtube.com/watch?v=2kQVZX7FBiM

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