quinta-feira, 20 de maio de 2010

... " Esta manhã "...


Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele.
E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta.

Nem mesmo à despedida foram os gestos contundentes:
tudo o que vem de ti é um poema.
Contudo, ao acordar, a solidão sulcara um vale nos cobertores
e o meu corpo era de novo um trilho abandonado na paisagem.

Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome,
o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras,
a dor esgota as forças,
são frios os batentes nas portas da manhã.


Maria do Rosário Pedreira

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