quinta-feira, 20 de novembro de 2008

... " O eterno momento ..."

" Acordar cansado, vestir à pressa, correr sem saber bem porquê.
A saudade que me invade é de um tempo que eu não vivi.
Compus a gravata e nela enforquei o sentimento, esvaziei o coração cá dentro e compassadamente marchei ao som do hino que não aprendi.
Num desatino faço fogo sem matar, na função que me ocupa o dia, sinto a alegria fugir e esvoaçar como uma ave que troça de mim.
Tudo corre a passo acelerado, mas ao mesmo tempo, a esmo e aleatoriamente, tudo parece estar parado.
Como numa fotografia, que sugere movimento, mas nela nada se move, nem mesmo o vento. O silêncio que nos grita ao ouvido chama-se solidão.
O ruído que nos persegue, companhia.
As cores pronunciam-se como bâton nos lábios, mas logo surgem esbatidas como matizes de Outono tardio.
Tudo faz sentido desde que falte sentido e orientação.
Vida, esse quadro pintado a carvão."


Hoje quando li este pequeno, grande, texto, senti como que estas palavras tivessem vindo ao meu encontro.
Não me recordo de quem as escreveu ou qual a causa que o motivou.
Mas talvez tenha sido a tristeza, ou um simples vazio de alma.

Sem saber porque ultimamente acordo cansado. talvez cansado de estar cansado de me sentir por vezes vazio, apático, e receoso.

Hoje procuro ocupar o meu tempo a encher este meu pequeno coração, com sentimentos novos, já que a vida não é uma tela aonde se desenha simplesmente a carvão.

A minha vida tem que ter cor e sentimentos, quer sejam eles bons ou maus, que me permitam o distanciamento necessário de uma qualquer fotografia em que o momento fico parado e como tal se torna eterno.

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