Sob a laje do meu quarto
o meu corpo dança
repleto de incerteza,
magoa e dor.
Tudo é escuro,
tal como no principio
não há estrelas
não há tempo
Quando o relógio anuncia a meia noite,
sei que chegou a minha vez.
Tantos antes de mim,
tantos depois de mim.
Cruzo a vida
com as mãos algemadas,
batem-me
pela ultima vez.
Quando me vendam os olhos,
sei que chegou a minha hora.
Sorrio para mim próprio.
Nesta vida cega
adquiri um peso maior,
uma maior responsabilidade,
gostar de mim.
Estou sozinho
com a minha vida
abro a porta do elevador,
e saio como um náufrago.
Ouço os rumores do outro lado da porta,
e o tiquetaque anunciado.
Mas eu estou espantosamente calmo.
Eu sabia.
Eu sabia.
Digo para mim próprio.
-Eu não tenho medo da morte!
será por isso que ainda estou vivo?
Amo a vida,
como quem ama uma irmã.
Por isso pego na caneta,
na mesma caneta que em tempos usei para assinar
o contrato então formulado.
Com essa mesma certeza,
de outrora,
assino o documento que irá
por termo a esta minha clausura.
Sei que o que importa hoje é não perder.
Não perder mais nenhum dos dias que me restam,
e ser definitivamente,
estupidamente,
feliz.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
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