terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A Nossa Alma Gémea - parte II


Durante a fase do namoro, tudo se passa como se estivéssemos num cais, observando o mar calmo que nos aguarda, até acabarmos por decidir entrar nessa grande embarcação que é a partilha da vida em comum, vulgo casamento.
Á medida que a embarcação se afasta, desse cais, os primeiros momentos são vividos com extrema alegria, estes serão por certo os minutos mais agradáveis, já que tudo é novidade.

Logo que os cônjuges deixam cair as máscaras, afiveladas, que usaram com o intuito de conquistar a alma eleita, a convivência torna-se cada vezes mais difícil.
Desta forma logo que a embarcação entra em alto mar, e ambos começam a enfrentar as primeiras tempestades da vida em conjunto, o primeiro impulso é o de regressar imediatamente ao cais de partida, só que este por vezes já se encontra muito distante....
A segunda opção, que é a escolha de muitos, reside no de saltar para fora da embarcação para o meio do mar revolto.

Á medida que um dos cônjuges, ou mesmo os dois, sente que os seus sonhos se desfazem, começa por imaginar que aquele ser que o acompanha não é efectivamente a sua alma gémea, mas sim algo que se transforma diariamente numa algema, numa prisão, de que deseja libertar-se desesperadamente.

Neste caso a sua opção, imediata, passa por encontrar outra pessoa que preencha as suas carências. Esquecem-se assim dos primeiros momentos do namoro, em que tudo era felicidade, e busca-se outras experiências.
Alguns atiram-se para os primeiros braços que encontram à sua disposição para rapidamente sentirem, mais uma vez, o sabor amargo da decepção.
Tentam outra e outra vez mais, e nunca acabam por encontrar alguém que consolide seus anseios de felicidade.
Conseguem somente uma vida de profunda solidão, angustia e infelicidade.
Se entendermos que no planeta terra não existe ninguém perfeito, então a nossa busca por esse alguém será sempre em vão.
Mas, mesmo, que existisse alguém perfeito, essa pessoa por certo também quereria encontrar alguém perfeito, e não um pobre terráqueo cheio de defeitos como qualquer um de nós. Assim e infelizmente a opção desse ser não passará por nenhum de nós.

Perante todo este dilema existencial entendo, agora mais do que nunca, que sempre que constatamos que a pessoa com quem optamos por partilhar a nossa vida não se enquadra na pessoa que ambicionávamos então deveremos recordar que esta nossa opção, esta nossa escolha, foi feita única e exclusivamente com o coração, e não pela razão, pelo que seria justo que tentássemos, juntos, enfrentar as tormentas da vida e que ambos devem optar por fazer um esforço por aparar as “arestas vivas” dessa vida que nos fere e magoa……..

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