Não tenhas medo do amor.
Pousa a tua mão devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão acrescer:
o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo.
Pousa a tua mão devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão acrescer:
o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo.
A vida nunca foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros:
explode no teu coração um amor-perfeito,
será doce o seu pólen na corola de um beijo,
não tenhas medo, hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
Maria do Rosario Pedreira