segunda-feira, 28 de setembro de 2009
..." Vai aonde te leva o coração " ...
Quando à tua frente se abrirem muitas estradas
e não souberes a que hás-de escolher,
não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste
no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia,
espera e volta a esperar.
Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.
Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.
"Vai onde te leva o coração" de Susanna Tamaro
e não souberes a que hás-de escolher,
não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste
no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia,
espera e volta a esperar.
Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.
Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.
"Vai onde te leva o coração" de Susanna Tamaro
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
" ...O meu anjo ..."
O acidente deixara marcado para sempre no meu corpo aquele maldito dia, que eu tanto ansiava esquecer.
Sempre que tirava a roupa contemplava-as aquelas feridas de uma forma única e para a qual não havia explicação, mas ao mesmo tempo sentia-me feliz porque elas gritavam naquele silencio que eu ainda estava vivo....
A elas podia contar-lhe os meus segredos, mesmo quando estas diante mão sabiam tudo o que eu levava dentro de mim, afinal de contas elas estão e estarão sempre presas a mim.
Fui obrigado a mudar-me…
Era incapaz de continuar a viver debaixo do mesmo tecto onde estavam plasmados momentos tão intensos...
Não podia dormir na mesma cama onde havíamos partilhado o suor dos nossos corpos, bem como o das nossas almas…
Era incapaz de andar pela casa e cruzar-me com as nossas fotografias ou sentir o aroma do seu perfume a inundar-me de tristeza, desolação e principalmente …. Eu não queria sentir-me invadido por aquela solidão, mas ao mesmo tempo temia partir e deixar para trás aqueles pequenos seres que, embora alheios a tudo isto, deveriam ser a razão de tudo…
Não me queria recordar nem dos bons nem dos maus momentos… não obstante eu saber que isso era impossível, Eu apenas queria que aquela parte da minha vida se apaga-se de uma vez por todas... essa era uma dura batalha para a qual Eu ainda não estava preparado para vencer…
Agora vivia num rés-do-chão junto a praia, bem longe do céu e da realidade, mas era isso que eu queria. Evitava sair para trabalhar porque não sentia coragem para enfrentar toda aquela gente, não obstante saber o quanto me queriam bem, não conseguia articular uma palavra, um gesto… não tinha coragem de olhar para a vida à minha volta… quando me interrogavam pelos meus filhos, não estava preparado para apanhar um simples autocarro, um simples… nada…
Eu estava morto e a luz de um novo dia, naquele momento, representava para mim o mesmo que um crucifixo era para um vampiro. A minha cabeça não estava bem, andava às voltas sem que eu pudesse fazer nada. Não me consegui concentrar, apenas me sentava junto da praia a contemplar o vai e vem das ondas do mar, como se isso me ajudasse a esquecer o que quer que fosse.
Desde aquele dia que não conseguia dormir em silêncio, o rádio ficava ligado a noite inteira, para que o silêncio não me magoa-se os ouvidos, pois para dor já bastava a escuridão na qual eu vivi mergulhado…
Lembro-me que em tempos me contaram uma história sobre alguém que tinha recebido, enquanto dormia, a visita de um fantasma, de uma pessoa que um dia conhecera. Eu não queria ser visitado por ninguém!.
Aquele dia tinha amanhecido com um sol, único, resplandecente, a muito que não via um sol assim, mas quem sabe eu também nunca tinha olhado para ele de uma forma tão profunda e sincera como nessa manha.
Lembro-me que era cedo, o telefone tocou, no visor o número aprecia como confidencial. Pensei em não atender, mas no último momento arrependi-me e levantei o auscultador… Era a minha pequena Princesa…
Sofia falava comigo, mas apenas me recordo das suas ultimas palavras dizendo-me que a fosse buscar, porque estava cheia de saudades minhas. Adorei ouvir a sua voz ao telefone, estava cada vez mais crescida. Falou-me de muitas coisas ao mesmo tempo, mas eu apenas era capaz de ouvir a sua voz.
Aquele era um dos raros momentos em que a minha miserável existência passava a ter todo o sentido do mundo, era um dos únicos momentos em que eu sentia que havia uma pequena réstia de esperança em ser feliz…
Desliguei o telefone, tomei um duche e abri o velho armário para escolher uma roupa que não combinasse com o meu estado de espírito.
Nesse momento dei de caras com elas… ali reflectidas no espelho estavam as minhas feridas, aquelas que marcam e marcarão para sempre o meu corpo. Tentei tocar nelas, mas não tive coragem.
Aquele era um momento de felicidade, a minha princesa esperava-me e eu não podia falhar. Eu não podia faltar!
Sofia sempre me abraçava quando nos encontrávamos. Mal me via lançava-se numa correria louca para, com toda a sua força e sinceridade, encaixar-se no meu peito. Envolvendo-me com os seus pequenos braços frágeis, numa redoma cheia de amor e saudade. Ela sempre cumprira com este ritual, mas desta vez eu sentia que a sua atitude tinha um significado mais expressivo, sentia que ela me oferecia parte da sua vida, da sua alegria, da sua inocência sem me pedir nada em troca.
- Não te preocupes pai, tudo vai ficar bem… - foi a primeira coisa que ouvi da sua boca. Fiquei hipnotizado com a doçura que empregava em cada palavra, de tal maneira que não soube como reagir. Olhei bem no centro daquele olhos castanho brilhantes e perguntei-lhe qual o significado daquelas palavras.
- Foi um anjo que me contou no meu sonho! – Disse-me ela de forma inocente e bela.
Eu estava de cócoras para poder manter-me à sua altura. Quando acabou aquela frase, fixou os seus olhos nos meus e não mais os desviou. De repente tudo a minha volta deixou de existir, tal como era. O ruído transformou-se no silêncio de um bosque repleto de luz e cor… e atrás dela um vulto com um brilho incessante não parava de caminhar na minha direcção. Nunca contemplara um espectáculo de tal envergadura e beleza ao mesmo tempo que sentia o aroma de um jardim em flor. Foi então que fui interrompido por uma voz…
- Pai sentes te bem? – Perguntava Sofia preocupada por me ver com aquele olhar perdido num horizonte que parecia estar muito longe dali.
Ao acordar daquele transe momentâneo, senti-me confuso… mas Sofia segredava-me ao ouvido, para que mais ninguém se inteira-se do que estava a falar – Pai ele disse que tudo ia ficar bem, que tu ias ser feliz…
Sofia insistia na mensagem, mas estava fora do meu alcance entender o que se passava … começava a sentir-me como se estivesse a ficar louco.
Subitamente fui surpreendido por um novo abraço cálido e terno deste pequeno ser. Senti que ela sabia o que se passava pelos meus pensamentos. Pude sentir a sua compreensão quanto ao que se passava comigo.
Havia um jardim mesmo ali ao lado. Sofia foi de imediato fazer novos amigos. Sempre fora uma criança muito comunicativa e sociável, com um dom inventivo que as outras crianças adoram.
Nesse momento dentro da minha cabeça ressoava uma voz que me dizia – Sinto muito o que aconteceu, sabes ainda não tinha tido oportunidade para falar contigo… nem coragem para o fazer … não queria ferir-te, nem ferir … era muito cedo… mas se houver alguma coisa que eu possa fazer… nunca te tinha visto assim… dá tempo ao tempo… um dia vais reencontrar-te, e a vida terá outra cor, outro significado…nesse dia vais-te apaixonar, vais viver, vais ser feliz…sabes essa nova vida esta ao virar de um simples esquina à tua espera… caminha… mas queria só dizer-te que eu estou aqui, para o que precisares…– E dito isto senti que via uma energia, um vulto, virando-me as costas, sem que eu pudesse dizer nada, caminhava altivo, com um passo curto mas constante, e isso deixou-me intrigado, olhei para esse vulto como se fosse só um até logo, ou um ate amanha.
Era incapaz de andar pela casa e cruzar-me com as nossas fotografias ou sentir o aroma do seu perfume a inundar-me de tristeza, desolação e principalmente …. Eu não queria sentir-me invadido por aquela solidão, mas ao mesmo tempo temia partir e deixar para trás aqueles pequenos seres que, embora alheios a tudo isto, deveriam ser a razão de tudo…
Não me queria recordar nem dos bons nem dos maus momentos… não obstante eu saber que isso era impossível, Eu apenas queria que aquela parte da minha vida se apaga-se de uma vez por todas... essa era uma dura batalha para a qual Eu ainda não estava preparado para vencer…
Agora vivia num rés-do-chão junto a praia, bem longe do céu e da realidade, mas era isso que eu queria. Evitava sair para trabalhar porque não sentia coragem para enfrentar toda aquela gente, não obstante saber o quanto me queriam bem, não conseguia articular uma palavra, um gesto… não tinha coragem de olhar para a vida à minha volta… quando me interrogavam pelos meus filhos, não estava preparado para apanhar um simples autocarro, um simples… nada…
Eu estava morto e a luz de um novo dia, naquele momento, representava para mim o mesmo que um crucifixo era para um vampiro. A minha cabeça não estava bem, andava às voltas sem que eu pudesse fazer nada. Não me consegui concentrar, apenas me sentava junto da praia a contemplar o vai e vem das ondas do mar, como se isso me ajudasse a esquecer o que quer que fosse.
Desde aquele dia que não conseguia dormir em silêncio, o rádio ficava ligado a noite inteira, para que o silêncio não me magoa-se os ouvidos, pois para dor já bastava a escuridão na qual eu vivi mergulhado…
Lembro-me que em tempos me contaram uma história sobre alguém que tinha recebido, enquanto dormia, a visita de um fantasma, de uma pessoa que um dia conhecera. Eu não queria ser visitado por ninguém!.
Aquele dia tinha amanhecido com um sol, único, resplandecente, a muito que não via um sol assim, mas quem sabe eu também nunca tinha olhado para ele de uma forma tão profunda e sincera como nessa manha.
Lembro-me que era cedo, o telefone tocou, no visor o número aprecia como confidencial. Pensei em não atender, mas no último momento arrependi-me e levantei o auscultador… Era a minha pequena Princesa…
Sofia falava comigo, mas apenas me recordo das suas ultimas palavras dizendo-me que a fosse buscar, porque estava cheia de saudades minhas. Adorei ouvir a sua voz ao telefone, estava cada vez mais crescida. Falou-me de muitas coisas ao mesmo tempo, mas eu apenas era capaz de ouvir a sua voz.
Aquele era um dos raros momentos em que a minha miserável existência passava a ter todo o sentido do mundo, era um dos únicos momentos em que eu sentia que havia uma pequena réstia de esperança em ser feliz…
Desliguei o telefone, tomei um duche e abri o velho armário para escolher uma roupa que não combinasse com o meu estado de espírito.
Nesse momento dei de caras com elas… ali reflectidas no espelho estavam as minhas feridas, aquelas que marcam e marcarão para sempre o meu corpo. Tentei tocar nelas, mas não tive coragem.
Aquele era um momento de felicidade, a minha princesa esperava-me e eu não podia falhar. Eu não podia faltar!
Sofia sempre me abraçava quando nos encontrávamos. Mal me via lançava-se numa correria louca para, com toda a sua força e sinceridade, encaixar-se no meu peito. Envolvendo-me com os seus pequenos braços frágeis, numa redoma cheia de amor e saudade. Ela sempre cumprira com este ritual, mas desta vez eu sentia que a sua atitude tinha um significado mais expressivo, sentia que ela me oferecia parte da sua vida, da sua alegria, da sua inocência sem me pedir nada em troca.
- Não te preocupes pai, tudo vai ficar bem… - foi a primeira coisa que ouvi da sua boca. Fiquei hipnotizado com a doçura que empregava em cada palavra, de tal maneira que não soube como reagir. Olhei bem no centro daquele olhos castanho brilhantes e perguntei-lhe qual o significado daquelas palavras.
- Foi um anjo que me contou no meu sonho! – Disse-me ela de forma inocente e bela.
Eu estava de cócoras para poder manter-me à sua altura. Quando acabou aquela frase, fixou os seus olhos nos meus e não mais os desviou. De repente tudo a minha volta deixou de existir, tal como era. O ruído transformou-se no silêncio de um bosque repleto de luz e cor… e atrás dela um vulto com um brilho incessante não parava de caminhar na minha direcção. Nunca contemplara um espectáculo de tal envergadura e beleza ao mesmo tempo que sentia o aroma de um jardim em flor. Foi então que fui interrompido por uma voz…
- Pai sentes te bem? – Perguntava Sofia preocupada por me ver com aquele olhar perdido num horizonte que parecia estar muito longe dali.
Ao acordar daquele transe momentâneo, senti-me confuso… mas Sofia segredava-me ao ouvido, para que mais ninguém se inteira-se do que estava a falar – Pai ele disse que tudo ia ficar bem, que tu ias ser feliz…
Sofia insistia na mensagem, mas estava fora do meu alcance entender o que se passava … começava a sentir-me como se estivesse a ficar louco.
Subitamente fui surpreendido por um novo abraço cálido e terno deste pequeno ser. Senti que ela sabia o que se passava pelos meus pensamentos. Pude sentir a sua compreensão quanto ao que se passava comigo.
Havia um jardim mesmo ali ao lado. Sofia foi de imediato fazer novos amigos. Sempre fora uma criança muito comunicativa e sociável, com um dom inventivo que as outras crianças adoram.
Nesse momento dentro da minha cabeça ressoava uma voz que me dizia – Sinto muito o que aconteceu, sabes ainda não tinha tido oportunidade para falar contigo… nem coragem para o fazer … não queria ferir-te, nem ferir … era muito cedo… mas se houver alguma coisa que eu possa fazer… nunca te tinha visto assim… dá tempo ao tempo… um dia vais reencontrar-te, e a vida terá outra cor, outro significado…nesse dia vais-te apaixonar, vais viver, vais ser feliz…sabes essa nova vida esta ao virar de um simples esquina à tua espera… caminha… mas queria só dizer-te que eu estou aqui, para o que precisares…– E dito isto senti que via uma energia, um vulto, virando-me as costas, sem que eu pudesse dizer nada, caminhava altivo, com um passo curto mas constante, e isso deixou-me intrigado, olhei para esse vulto como se fosse só um até logo, ou um ate amanha.
Era uma sensação estranha, este ser deu a volta e fixou o seu olhar no meu, como se sentisse a mesma coisa. Os nossos olhares perderam-se no tempo, apenas interrompidos pelos contínuos safanões que Sofia me dava no meu casaco, na sua maneira subtil de me chamar a terra para brincar com ela.
Depois de lhe dar toda a atenção que ela necessitava, voltei-me, mas aquele ser já lá não estava, havia seguido o seu caminho, tal como eu tinha que seguir com o meu…
Depois de lhe dar toda a atenção que ela necessitava, voltei-me, mas aquele ser já lá não estava, havia seguido o seu caminho, tal como eu tinha que seguir com o meu…
" E porque.. Tu és.. "
E porque...
Tu não queres ser como a abelha saqueadora que vai sugando o mel de rosa em rosa.
Mas és antes a bela joaninha que se enclausura no seio de uma única flor.
E vivendo junto desta aguarda, paciente, o fechar das suas pétalas sobre si.
E quando abafada neste aperto unico e supremo,
Morre entre os braços daquela única flor que elegeu.
E por tudo isso...
Tu és Unica ....
Tu és Especial ...
Tu és Mulher...
Tu não queres ser como a abelha saqueadora que vai sugando o mel de rosa em rosa.
Mas és antes a bela joaninha que se enclausura no seio de uma única flor.
E vivendo junto desta aguarda, paciente, o fechar das suas pétalas sobre si.
E quando abafada neste aperto unico e supremo,
Morre entre os braços daquela única flor que elegeu.
E por tudo isso...
Tu és Unica ....
Tu és Especial ...
Tu és Mulher...
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