quarta-feira, 27 de maio de 2009

" O Quase "



Tenho consciência que a minha vida é um mar repleto de emoções, e que o meu eu, enquanto ser humano, é um mar revolto de um pouco de tudo, incluindo muita loucura...

Em tempos li este texto que por vezes vou buscar ao fundo da gaveta, e me obrigo a reler para dar continuidade a esta vida imperfeita...

"Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.

A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planeando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

Luiz Fernando Veríssimo

quinta-feira, 14 de maio de 2009

... " Quero de novo aprender a amar " ...




Sabes,

Descobri ao fim destes anos o quanto estava cansado de te amar, e o quanto a tua indiferença me magoou.

Cansou-me os teus olhares tristes e profundos que quase me desnudavam a alma.

Cansei-me desse teu olhar de animal ferido quando afinal quem feriu sempre foste tu, e só tu.

Cansei-me de persistir na luta pela sobrevivência de algo que estava a muito morto. Mas se assim era, por outro lado cansei-me de te ver olhar como quem quer lutar, quem quer tentar novamente….

Cansei-me de te ver passar ao longe quando o que eu queria era ter-te bem perto.

Cansei-me de vós querer tanto, de não conseguir desligar a ficha e partir para uma outra vida.

Cansei-me de mim e da minha constante luta, da minha entrega, do meu infinito querer.

Cansei-me de olhar para ti, de esperar que me chamasses, de te chamar e tu não vires, de te ver telefonar-me de repente e sem qualquer aviso, mudando tudo de novo, pondo-me de pernas para o ar, de coração em sobressalto, de alma cansada, de vida vazia, completamente vazia…

Cansei-me de te amar, e de não vós conseguir esquecer, de não ter forças para continuar sozinho, já que quando pensei que o conseguia bastava olhar bem no fundo desses teus olhos e tudo começava de novo… um suplício de vida sem fim.

Mas sabes do que me cansei mais?. De não te conseguir entender...de não me teres deixares ir de vez, de teres deixado sempre uma ponta presa, um vestígio de um simples querer, um olhar triste de desejo, com um toque profundo de posse quero e mando…


Agora que consegui esquecer-te, quero de novo aprender a amar…

terça-feira, 12 de maio de 2009

Piero Valmart




Não me tente, ó menina,

Com essa beleza divina

Que me mostra, quase nua...

Não me tente, que enlouqueço,

E dos pudores esqueço,

Ante o que me insinua...

Há tempos que a desejo,

Sonho doido com seu beijo,

Sua boca de sedução...

E agora a vejo assim,

Projectar-se sobre mim,

Com tanta provocação...

Se me tenta, desejosa,

Qual uma gata manhosa,

Com tanta desfaçatez,

Vou deitá-la sobre a relva

E qual as feras na selva,

Possuí-la de uma vez!


Piero Valmart

segunda-feira, 11 de maio de 2009

..." Hoje é o dia de voltar a ser feliz! "...


Encontrei-te em cima de um palco, enfeitado pelo som da tua flauta a fervilhar de tons de azul, enquanto fazias escorrer sobre mim aquela luz que só a chuva da Primavera traz.

Brindaste-me com o nascer da paz, naquele momento exacto em que a terra tem o cheiro de um amanhecer simples, de um qualquer futuro encharcado em dias repletos de madrepérola.

Nesse momento pensei... hoje é o dia de voltar a ser feliz!.

E tudo isto porque o talismã deste meu, novo, mundo és tu!